São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Comunidade solitária

No fim do governo Sarney já se percebia que o problema da governabilidade no país somente seria enfrentado com significativas reformas nas áreas administrativa, tributária e previdenciária, para eliminar desequilíbrios nas contas públicas.
O sucesso das políticas específicas dos ministérios estaria condicionado a novos fluxos de receitas capazes injetar a necessária vitalidade às propostas de governo. A redistribuição de custos daí decorrente traria, porém, maiores ônus a certos setores, desafogando outros.
Até agora o governo FHC negociou, longe, é claro, da rapidez desejada, o rateio de ganhos e perdas para a sociedade. É nesse contexto que se pode entender o alcance limitado de programas sociais como o da Comunidade Solidária.
Uma de suas finalidades é gerenciar projetos sociais, articulando ações dos ministérios e agilizando a distribuição de verbas para áreas de maior carência. Porém os efeitos supostamente benéficos desse gerenciamento ainda não foram sentidos pela população que, durante as eleições, tanto ouviu falar de "resgate da dívida social".
Por outro lado, o CS atuou em setores pouco expressivos e nos quais os governos passados sempre tiveram alguma presença, marcada às vezes pela demagogia: oferta de cestas básicas e reforço da merenda escolar. E anuncia agora um programa universitário, bastante semelhante ao antigo Projeto Rondon.
Sem uma política social definida (o que a própria primeira-dama reconhece) e com dificuldades orçamentárias, fica a impressão inevitável de que nada de propriamente "social" foi feito até agora.

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