São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Imaculada Conceição

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

No domingo passado, 3/12, a capital paulista celebrou, com gratidão a Deus, a criação de sua diocese, há 250 anos. Foi realmente belo o espetáculo de fé da liturgia eucarística, que reuniu no Ibirapuera bispos, sacerdotes, religiosos e milhares de fiéis, com a presença de autoridades civis e militares e a participação amiga de membros de outras confissões. O cardeal d. Paulo Evaristo Arns comemorava, na mesma data, o jubileu áureo de sacerdote e o jubileu de prata de episcopado.
A mensagem do papa João Paulo 2º, a palavra de d. Alfio Rapisarda, núncio apostólico, e a vibrante oração congratulatória de d. Benedito Vieira lembraram o zelo pastoral do cardeal d. Paulo, a história da arquidiocese e a alegria de uma igreja fiel à sua missão, ao longo de dois séculos e meio, aberta aos desafios dos tempos presentes, procurando anunciar a esperança do reino de Deus.
A Arquidiocese de Mariana, que nasceu pelo mesmo decreto pontifício de 6/12/1745, comemora, também nestes dias, os 250 anos de sua fundação. Para oferecer ao povo condições mais fáceis de participação, foram organizadas celebrações eucarísticas em cinco cidades: Rio Espera (5/12), Barbacena (6/12), Conselheiro Lafaiete (7/12), Ponte Nova (9/12) e Mariana, no próximo domingo.
Qual a marca característica da primeira diocese mineira? É, sem dúvida, a devoção à Nossa Senhora, como auxílio para a entrega maior a Jesus Cristo. O cartaz alusivo à festa apresenta as palavras "sempre com Maria".
Desde o início da diocese, nos tempos do primeiro bispo, d. Manuel da Cruz (1748-1764), venerava-se na Sé de Mariana a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Essa mesma imagem tem sido levada, nestes dias, em peregrinação pelas cidades e aclamada com grande entusiasmo pelo povo cristão.
Essa constante devoção à Virgem Imaculada, arraigada nas comunidades mineiras, ajuda-nos a compreender o argumento a que alude o papa Pio 9 ao proclamar solenemente o dogma da Imaculada Conceição em 1854. Com efeito, no mundo inteiro, ao longo dos séculos, a igreja tomou consciência de que Maria, "cumulada de graça" (Lc 1,28), foi, desde a sua conceição, redimida por Jesus Cristo.
Na festa do dia 8 de dezembro celebramos a santidade de Maria, mãe de Deus, que "no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, foi preservada imune do pecado original".
A devoção à Virgem Maria e, em especial, à sua Imaculada Conceição é, assim, um dos motivos mais fortes para a Arquidiocese de Mariana expressar sua gratidão a Deus. Na afirmação dessa verdade de fé encontramos o reconhecimento da soberania de Jesus Cristo, a gratuidade da salvação, a atração à santidade e a defesa do dom da vida humana desde a conceição.
A festa da Imaculada Conceição de Maria será neste ano solenizada por um evento singular. A matriz de Catas Altas do Mato Dentro, que estava fechada havia oito anos, agora restaurada, com auxílio da Vale do Rio Doce e do Iphan, abre suas portas para receber os fiéis.
Seja esse um símbolo para a Arquidiocese de Mariana nesta festa dos 250 anos: restaurar o monumento de fé e arte do passado e abrir-se, com ardor e esperança, sob a proteção de Maria, horizontes de evangelização.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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