São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Crise mexicana impulsionou a associação de 35 bancos

DE BUENOS AIRES

A área financeira foi a mais conturbada pelos processos de fusão e aquisição na Argentina, desde que rompeu a crise mexicana, em dezembro de 1994.
A crise consistiu numa acentuada fuga de capitais para o exterior, provocando rápida queda do peso frente ao dólar. Os EUA tiveram, para evitar que o vizinho e parceiro no Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio) quebrasse, que coordenar um socorro bilionário ao México.
O ano deve fechar com o saldo de 35 fusões de bancos e de cinco outras entidades financeiras. Os principais alvos foram as instituições cooperativas de médio e pequeno portes, que sucumbiram por falta de liquidez.
O processo de fusão foi amparado pelo BCRA (Banco Central da República Argentina) e pela equipe econômica do governo, que concederam facilidades para os grupos que decidissem adquirir uma instituição em dificuldade.
Em entrevista à Folha, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, admitiu que a crise impulsionou a reforma financeira ao promover a concentração do mercado.
Cavallo também assegurou que o processo deve continuar nos próximos anos. E deu sinais que ainda não está satisfeito com o fato de existirem cerca de 159 instituições em funcionamento.
Em contrapartida, o governo exigiu dos bancos investimentos em tecnologia e estratégias mais agressivas para atrair clientes. Cerca de 90% da população argentina não utiliza produtos bancários.
Os bancos que dominaram os processos de fusão e aquisição se concentraram justamente na possibilidade de aumentar o patrimônio e o número de agências para competir com mais força.
Na semana passada, os bancos Sud e Shaw fundiram-se para formar o Bansud -que já se tornou o quarto em patrimônio entre instituições privadas e o sexto em agências e depósitos captados.
As histórias de fusões no setor financeiro não ocorrem apenas entre os bancos. Recentemente, a união de três administradoras de fundos de aposentadoria e previdência -Activa, Savia e Antecipar- as colocou no sétimo lugar do ranking.
Outro mercado inexplorado, o de cartões de crédito, também foi alvo de fusões. O The Exxel Group adquiriu, no final de novembro, 56% do pacote acionário da Argencard por US$ 135 milhões.
A Argencard é a administradora de cartões de crédito que possui a licença exclusiva da MasterCard International para Argentina e Uruguai. Conta ainda com outros quatro produtos locais.
A Argencard lidera o ranking de empresas do setor na Argentina, com uma fatia de cerca de 50% do mercado -3,8 milhões de clientes. Entretanto, cerca de 73% da população argentina não possui cartão de crédito.

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