São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Privatização favorece processo argentino

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

A Argentina transformou-se em palco de um intenso processo de fusões e aquisições empresariais desde o início da década de 90, quando o mercado se abriu à economia mundial.
Setores produtivos do país tornaram-se alvos de holdings nacionais -interessadas em aumentar a carteira de negócios- e de empresas internacionais -focadas no potencial do mercado argentino e de seus vizinhos do Mercosul.
Segundo o economista Roberto Lavagna, 52, da consultoria Ecolatina, as grandes empresas buscaram as áreas que poderiam oferecer grandes subsídios ou monopólios assegurados, como a telefonia.
A outra opção foram as empresas nas quais havia alta produtividade e baixos custos comprovados, como as de limpeza e alimentos.
O processo de privatização desencadeado a partir de 1991 foi o principal alvo dos sete grandes grupos empresariais argentinos.
Segundo Lavagna, essas holdings duplicaram seus patrimônios neste período com a compra de parcelas das estatais.
"Houve maior concentração de capital nas grandes empresas argentinas", concorda Cristian Faracco, 34, sênior manager da consultoria empresarial Arthur D. Little.
Desde essa época, 79 empresas estatais foram vendidas por um valor total de US$ 9,93 bilhões -dos quais apenas 34,2% foram pagos em dinheiro vivo.
Na maioria dos casos, o consórcio comprador era composto por empresas nacionais e por estrangeiras, com menor participação. Estas, no entanto, traziam a experiência de operação no setor correspondente.
O consórcio Nortel, por exemplo, comprou parte da empresa estatal de telefonia e criou a Telecom.
Ele é composto pela holding argentina Pérez Companc, do setor de navegação mercantil, pelo banco de investimentos J.P. Morgan e pelas empresas telefônicas Stet, da Itália, e France Cables, da França.
As holdings estrangeiras também abocanharam empresas de médio porte do setor privado.
A Argentina, dessa forma, beneficiou-se com o fato de ser um dos mercados emergentes nos quais os investidores estrangeiros puseram os olhos na década de 90.
Também se favoreceu como porta de entrada às prateleiras do Mercosul.
O setor de alimentos, principalmente de laticínios e biscoitos, foi um dos mais disputados. Explica-se: leite, óleo e trigo contam com preços mais baixos no país, que é produtor.
A tradicional empresa de biscoitos Terrabusi, por exemplo, foi comprada em 1994 pela Nabisco por US$ 318 milhões. O mesmo destino coube às concorrentes.

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