São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sivam não se resolve e governo vive nova crise

Pastas do Econômico têm listas de apoio a políticos

RUI NOGUEIRA
COORDENADOR DE PRODUÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise virou companheira do governo Fernando Henrique Cardoso. Os bancos mal das pernas deram vez ao caso do "grampo", o "grampo" ao caso Sivam, o Sivam, que continua na ordem do dia, ao caso da pasta cor-de-rosa.
Na semana passada, o governo confessou publicamente, ao final de um ano de mandato, que ainda não sabe direito para onde vai o seu programa social.
"O governo está preocupado com as orientações gerais", disse a primeira-dama, Ruth Cardoso. Na campanha eleitoral, o rumo parecia claro quando o então candidato prometia gastar até US$ 4 bilhões ao ano com os excluídos.
Pasta e Sivam
A pasta cor-de-rosa é um ricochete do caso banco Econômico, que está sob intervenção do BC (Banco Central) desde 11 de agosto. Passados 113 dias do início da intervenção, veio à tona a informação de que o governo tem em seu poder uma pasta achada entre os documentos do Econômico que mostra quem o banco baiano financiou nas eleições de 90.
Os caciques baianos no Congresso, com Antônio Carlos Magalhães à cabeça, criticaram os ministros e a direção do BC. Estariam todos envolvidos em uma intriga. A direção do BC irritou-se com as críticas e ameaça demitir-se. E o presidente FHC sabia da existência da pasta desde que ela foi encontrada.
A cor da crise do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) passa longe do rosa. As relações quase promíscuas entre o Ministério da Aeronáutica e a empresa Esca estão perto de virar um caso de polícia.
Na sexta-feira, a Folha revelou trechos do relatório sigiloso do TCU que aponta pelo menos seis grandes irregularidades no relacionamento entre o Ministério da Aeronáutica e a Esca.
Entre as acusações estão o uso de conta bancária "sem amparo legal", pagamentos irregulares e pagamento à Esca pelo fornecimento de um programa de computador que já pertencia ao governo. Funcionários da Esca chegaram a negociar no exterior com empresas e a assinar documentos "em nome do governo".
O poder da Esca era tão absoluto nos domínios Sivam/Aeronáutica que ela conseguiu transformar um projeto inicial de custo estimado entre US$ 500 e US$ 600 milhões, intitulado Vigilam (Vigilância da Amazônia), numa obra faraônica de US$ 1,4 bilhão e recheada de suspeitas.

Texto Anterior: FHC busca melhora do comércio com a China
Próximo Texto: OPINIÃO DA FOLHA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.