São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Presente de Natal

SÍLVIO LANCELLOTTI

Erramos: 10/12/95
A grafia correta do nome do ex-técnico da seleção argentina, citado em texto à pág. 4-2 ( Esporte) de 10/12, é Carlos Bilardo.
A confirmação oficial apenas será transmitida aos torcedores argentinos como um presente de Natal. Já está certo, no entanto, que Diego Maradona deverá mesmo disputar as eliminatórias da Copa de 98 pela seleção de seu país.
Até semanas atrás, Maradona e Daniel Passarella, técnico da seleção platina, não se toleravam, briga de vaidades que principiara há quase dez anos, quando o então mister Billardo deixou Passarella no banco e entregou a Maradona a braçadeira de capitão.
Passarela rompeu com Billardo. Maradona alinhou-se com o treinador. Natural consequência, Passarella tornou-se inimigo de Maradona. E não deixou de espicaçá-lo sempre que Diego se envolvia em confusões, do episódio da cocaína ao caso da efedrina na Copa de 94.
A inimizade se provou publicamente dramática em 18 de agosto, numa das saídas do estádio do Vélez. Ainda suspenso, Maradona escutava num walkman o fim do cotejo entre o seu Boca e o Platense quando Passarella apareceu.
Diego se virou de costas e Passarella fugiu do encontro literalmente na corrida. O fotógrafo Osvaldo Marcarian, da revista "El Grafico", flagrou o incidente em imagens sensacionais, que mais separaram os dois desafetos.
No último dia 17, todavia, a Suzuki Vitara vermelha de Sebastián Passarella, 18, filho mais velho do treinador, se chocou com um trem numa passagem de nível do ramal Tigre do Ferrocaril Mitre. Sebastián voltava para casa depois de uma pelada com amigos. Morreu.
Passarella e sua mulher, Graciela Beatriz, e mais Lucas, o filho menor, se refugiaram em sua mansão de Lomas de San Isidro. De fato comovido, Maradona lhe enviou flores e um bilhete em que lamentava o episódio e, paralelamente, lastimava os anos de tantas rusgas com o ex-amigo.
No fim de novembro, Maradona procurou Daniel Arcucci, subdiretor de "El Grafico", e lhe ofereceu depoimento propondo as pazes com Passarella: "Perto do que a família de Passarella está sofrendo, nossas discussões não passam de estupidez", admitia Diego, em resumo. "Que coisa pequenina, pelo amor de Deus. Se Daniel precisar de mim, estou pronto."
De fato, Diego voltou a se preparar, fisicamente, de maneira ardorosa, sob o comando de Daniel Cerrini, o terapeuta que lhe receitara o malfadado produto emagrecedor com efedrina durante a Copa de 94. Sem efedrina, voltou a peso de jovem e espera apenas o Natal para reabraçar Passarella de vez.

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