São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Renato vira unanimidade, mas diz continuar o mesmo
MÁRIO MAGALHÃES
Em junho, quando venceu o Campeonato do Rio, conquistou a cidade. Desde quinta-feira, quando empurrou o Fluminense à goleada de 4 a 1 contra o Santos, virou unanimidade nacional. Aos 33 anos, pouco lembra o rebelde indomável, que vivia a ser expulso de campo. Na sexta-feira, ele falou à Folha no jardim de sua casa, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio), ao lado do amigo Gaúcho. Folha - Vamos aproveitar que o Gaúcho também está aqui: o que você acha das histórias sobre a suposta existência de algo mais do que uma amizade entre vocês dois? Renato Gaúcho - Noventa por cento dos caras que dizem isso são meus sócios. Tenho sociedade com eles nas mulheres deles. Gaúcho (que intervém) - E eu peguei a mulher dos outros 10%. Folha - Os boatos sobre homossexualidade te chateiam? Renato - Não. Quem tem que gostar de mim são as mulheres. E 100% delas sabem como eu sou. Folha - Você acha que o motivo dos boatos é ciúme? Renato - Aqui todo cara famoso é chamado de veado. E toda mulher famosa, puta. Na opinião feminina, tenho 100% de aprovação. Folha - Quem são seus ídolos? Renato - No futebol é o Zico. Pelo que ele fez dentro de campo e pelo que é fora. Folha - Romário tem criticado Zico. Quando você o elogia está reagindo a Romário? Renato - Nada disso. Nessa bronca eu não me meto. Folha - Você é contra concentração para jogadores? Renato - Acho que tem que haver concentração. Eu sou um que, se deixar livre, ferrou. Folha - No varal aqui da sua casa há duas toalhas com as iniciais do Flamengo. Você tem saudade da Gávea? Renato - Que nada. Essas toalhas estão aí porque dão um ótimo pano de chão. Folha - É bom ter virado unanimidade nacional? Renato - É ótimo. Eu mudei bastante em algumas coisas. Em outras, continuo o mesmo. Folha - Em que mudou? Renato - Agora conto até três antes de fazer as coisas. Mas continuo falando o que penso. Não tenho rabo preso com ninguém. Folha - Você sempre teve personalidade forte? Renato - Sim. Comecei a trabalhar aos 12 anos, como padeiro. Folha - Que função específica cabia a você na padaria? Renato - Eu era ótimo padeiro. Fazia desde a massa até a entrega. Com essa lata (aparência) que Deus me deu, gostava de fazer entregas para mulheres. Folha - Quando você deixou a padaria? Renato - Aos 14 anos. Fui montar cozinhas numa fábrica de móveis em Bento Gonçalves. Folha - Você tem 14 anos de futebol profissional. Com sua experiência, você deixaria os jogadores do Fluminense pintarem cabelo e fazerem cortes como os do Santos, comemorando a classificação para uma semifinal como se fosse título? Renato - Aqui eu não deixaria, mas cada um faz o que bem entender. Depois da final, no Fluminense pode até pintar de amarelo e jogar de bota. Agora, não. Folha - Faltou malandragem aos santistas? Renato - O time que não tiver dois ou três jogadores na faixa de 30 anos está morto. Folha - Nesse ponto, qual é a melhor fórmula para um time? Renato - Em qualquer competição, como na Copa do Mundo, tem que ter experiência e juventude. Os mais velhos orientam e os moleques correm. Folha - Você se sente infeliz por não ser mais convocado para a seleção brasileira? Renato - Não quero nem falar no meu caso. Gosto do Zagallo, mas não entendo as convocações dele. Ele diz que a Copa América é para testes. O que é isso? É a competição mais importante depois da Copa do Mundo. Texto Anterior: Notas Próximo Texto: Time vai explorar 'desespero' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |