São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Setor pode atrair investimentos externos

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado imobiliário brasileiro deve receber muitos investimentos do exterior nos próximos anos desde que o país mantenha a estabilidade econômica e as taxas de juro caiam.
Essa é a opinião de especialistas do Urban Land Institute (ULI), entidade que reúne 13 mil profissionais do mercado imobiliário de 40 países, que visitaram São Paulo na semana passada.
"O setor de shopping centers dos EUA está saturado e os investidores americanos estão estudando com atenção a melhor forma de entrar em mercados como o Brasil", diz Leanne Lachman, diretora da Schroder Associates.
A Schroder é uma empresa especializada na captação de investimentos para imóveis comerciais. Atualmente, gerencia US$ 1 bilhão de investidores norte-americanos e europeus.
Mas os membros do ULI fazem uma advertência. Para ser atraente, o Brasil deve manter-se estável na política e na economia. Os juros, por exemplo, precisam cair.
"Há grandes oportunidades no Brasil. Mas o custo do dinheiro ainda é muito alto", diz Juan Pérez-Vargas, presidente do braço mexicano da construtora KMD, baseada em São Francisco (EUA).
Ele acha que, se a estabilidade econômica persistir, os investidores estrangeiros podem investir no Brasil o capital que hoje flui para países asiáticos como a China.
"Empresas da Europa e dos EUA podem firmar boas joint ventures com sócios brasileiros", concorda Smedes York, ex-prefeito de Raleigh, capital da Carolina do Norte (EUA), e proprietário de uma construtora na cidade.
Os membros do Urban Land Institute vieram ao Brasil para participar de um seminário sobre desenvolvimento urbano promovido pelo Secovi-SP (sindicato que reúne construtoras e imobiliárias).
Na ocasião, James Callard, consultor imobiliário baseado em Washington, mostrou que a principal tendência do mercado norte-americano é a demanda por imóveis associados ao máximo de serviços.
No mercado de locação, por exemplo, Callard diz que é fundamental que os imóveis sejam oferecidos devidamente aparelhados.
Para ele, devem ser entregues com recursos como eletrodomésticos, linhas telefônicas, TV a cabo e acesso à Internet.
Ele apresentou ainda pesquisa feita pelo ULI que apurou que 89% dos apartamentos construídos nos EUA têm um ou dois dormitórios. Apenas 11% têm três ou mais quartos.
No Brasil, segundo Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi-SP, os imóveis de três dormitórios correspondem a 43% da oferta total. Outros 10% têm quatro dormitórios ou mais. Os imóveis de um dormitórios mal alcançam 3% do total ofertado.

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