São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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"SBT Notícias" une telejornal e representação

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

A representação finalmente chega ao telejornalismo. Pelo menos em sua estrutura. É o "SBT Notícias", que estreou na emissora paulista na última segunda-feira, às 18h15.
O novo programa tem cenário falso (uma redação inventada), com terminais de mentirinha e "repórteres" que atuam sentados, ao fundo. Os apresentadores seguem igualmente marcação, dissimulam.
Num momento, podem fingir que estavam acabando de digitar um texto no computador. Em outro, atravessam o estúdio enquanto falam.
E não é que ficou interessante? Talvez pela falta de alternativa (todos os outros telejornais usam a fórmula tradicional norte-americana), talvez porque criem uma falsa sensação de dinamismo.
Claro que nada disso seria relevante se o conteúdo não segurasse. E segura -"SBT Notícias" tem cerca de uma hora. Os assuntos tratados mesclam notícias leves (com menos "temperatura") e o noticiário do dia sem cansar.
Quem apresenta é a dupla Eliakin Araújo e Leila Cordeiro, marido e mulher na "vida real", famosos desde a época da "TV Pirata", que criou o quadro "Casal Telejornal baseado nos dois.
Eles não fazem feio. Estão contidos, desempenham bem (claro que cometem deslizes, como a vocação irresistível para a frase feita -"Paris, a cidade-luz" e outras- e uma certa intimidade irritante).
Mas há um problema estrutural. São as sabatinas, novidade introduzida pelo também recente "SBT Repórter". Vez por outra, o apresentador emenda um final de reportagem com uma série de perguntas ao repórter-autor, que já está no estúdio.
O recurso não é bom. Continua suscitando a pergunta: se o fulano tinha algo mais a dizer sobre o assunto a que se dedicou, por que não o fez na própria reportagem?

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