São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Brasil é o 63º pior colocado em relatório sobre criança

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil obteve a 63ª pior colocação no relatório "Situação Mundial da Infância 1996", ficando atrás de países como o Sri Lanka e a Bósnia Herzegóvina.
O relatório, que foi divulgado mundialmente ontem, revela que no Brasil ocorrem 61 mortes por grupo de mil crianças entre zero e cinco anos de idade.
O Sri Lanka, cuja renda per capita é quatro vezes menor que a brasileira, tem taxa de 19 por mil.
Vivendo em situação de guerra, a Bósnia apresentou 17 mortes por mil crianças até cinco anos.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) elegeu a TMM5 (taxa de mortalidade infantil até cinco anos de idade) como o mais importante indicador para se avaliar as condições de vida das crianças em um país.
O representante do Unicef no Brasil, Agop Kayayan, afirmou que, pelo grau de desenvolvimento da economia do Brasil, esse índice é "muito alto". Segundo ele, deveria ser de 15 ou 20 por mil.
"As outras crianças estão morrendo de diarréia e outras doenças facilmente evitáveis", disse.
A Nigéria foi a campeã dos piores no relatório, que elencou em ordem decrescente (do pior para o melhor) 150 países. Aquela república africana apresenta 320 mortes por grupo de mil crianças.
A Suécia, país com as melhores condições para a infância, tem apenas cinco óbitos infantis por mil. Nos relatórios de 1994 e 1995, o Brasil também ocupou a 63ª posição.
Na América, o melhor resultado do levantamento ficou com o Canadá: oito mortes por mil. Depois, vieram os Estados Unidos, com 10 óbitos, e o Chile, com taxa de 15.
O Brasil superou apenas o Haiti (TMM5 de 127) e a Bolívia (TMM5 de 110).
O representante do Unicef disse ainda que "o Brasil é inviável se não mudar sua política de educação básica".
Kayayan citou a taxa de 34% de analfabetismo de crianças de 11 a 14 anos no Nordeste, outro dado do IBGE, como um exemplo desse "absurdo".
"O Brasil também tem desrespeitado o direito à vida", disse, comentando a posição no relatório.
Segundo Kayayan, outro tema "tabu" no Brasil é o da violência sexual, praticada especialmente contra as meninas: "É um tipo de violação presente em todas esferas sociais e sem barreira geográfica".

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