São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Santos teme 'influência' do Rio

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O técnico do Santos, Cabralzinho, disse ontem que teme uma "cariocada" no primeiro jogo das finais do Campeonato Brasileiro contra o Botafogo, amanhã, no Maracanã.
"Eu joguei cinco anos no Rio e temo uma cariocada", afirmou. Ele pretende preparar a cabeça dos jogadores para não tremerem. "O Maracanã, lotado, intimida."
A segunda partida da final será domingo, no Pacaembu. Por ter melhor campanha ao longo da competição (49 pontos a 47), o Santos joga por dois empates ou por uma vitória e uma derrota por igual diferença.
Os dois clubes lutarão pelo seu primeiro título nacional. Desde que o Brasileiro foi criado, em 71, nenhum deles se sagrou campeão.
O principal motivo que leva Cabralzinho a crer numa "armação" para beneficiar o Botafogo no Rio é o fato de, segundo ele, o juiz Antônio Pereira da Silva ter prejudicado o Santos na primeira partida da semifinal contra o Fluminense, no Maracanã, quando os cariocas venceram por 4 a 1.
"O juiz prejudicou o Santos. Ele tinha uma pontaria certeira. Só dava cartão para os nossos jogadores 'pendurados' (com dois cartões)", disse Cabralzinho.
Naquela partida, os jogadores Robert, Jamelli e Vágner, que tinham dois cartões amarelos, receberam o terceiro, sendo que Jamelli e Robert acabaram expulsos.
"Senti na pele o que é pressão fora de campo", disse o técnico.
O vice-presidente de futebol, Clodoaldo Tavares Santana, confirmou a preocupação do clube.
"A arbitragem claramente nos prejudicou contra o Fluminense. O juiz mostrava cartões amarelos e intimidava nossos jogadores, que ficavam nervosos. Dois deles acabaram expulsos."
O jogadores seguem na mesma linha: "Jogar no Maracanã não é fácil. Muitas vezes o juiz acaba dando uma mãozinha para os cariocas", disse o atacante Macedo.
Para enfrentar uma eventual "cariocada", Cabralzinho vai preparar a cabeça dos jogadores usando o exemplo de Pelé.
"Se tenho ao meu lado o homem mais famoso do mundo, que, mesmo assim, se mantém humilde, é só passar isso aos jogadores. A palavra aqui é humildade."
Segundo Cabralzinho, o time do Santos "amadureceu dez anos em dez dias" com a vitória sobre o Guarani (2 a 0) e a classificação contra o Fluminense. "Se o time manter a mesma fibra, acho que está preparado para ser campeão."
Para as finais, Cabralzinho disse que não pretende determinar uma marcação individual sobre o centroavante Túlio, artilheiro do campeonato, com 21 gols.
"Esse negócio de marcação individual é perigoso. Não será por aí a nossa estratégia. Além do mais, o Túlio é um finalizador. Para finalizar, ele precisa ser alimentado. Temos de anular os seus alimentadores."

Colaborou João Carlos Assumpção, enviado especial a Santos.

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Sobre a decisão do Brasileiro nas págs. 2 a 4

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