São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Pulp é a nova sensação do pop inglês

MARISA ADÁN GIL
DA REVISTA DA FOLHA

Blur e Oasis não estão mais sozinhos. O lançamento de "Different Class" colocou o Pulp no pódio do "britpop", o novo pop inglês. O álbum entrou direto no topo da parada. O grupo de Sheffield entra na briga com uma vantagem: se Blur e Oasis dividem público e crítica, o Pulp é unanimidade.
Os ingleses adoram Jarvis Cocker. Com suas tiradas bem-humoradas e seu status de "sex god, o vocalista do Pulp ganhou a capa de revistas como "Face, "Select", "Vox", "Time Out" e "New Musical Express".
A história do Pulp é a mais improvável dos últimos tempos. A banda existe há dezesseis anos. Lançaram cinco álbuns, brigaram com gravadoras, desistiram e voltaram duas vezes -sempre ignorados pelo público.
Em junho de 95, uma música sobre uma riquinha que quer viver como o "povão" fica em segundo na parada. "Common People" é o começo da virada. Nesse mesmo mês, o Pulp substitui os Stone Roses no festival de Glastonbury. As 100 mil pessoas presentes cantam em uníssono o hit do grupo.
"Pela primeira vez, percebi que não tinha desperdiçado quinze anos da minha vida", diria Cocker à "Face". Mais tarde, reconheceria que o Pulp só chegou ao som ideal com "His'N'Hers" (1994). Foi aí que assumiu o pop, deixando para trás resquícios góticos.
Bowie, Roxy Music e glam rock ditavam as regras no disco, eleito o segundo melhor de 94 pela crítica inglesa. A novidade estava nas letras, carregadas de erotismo.
Assumindo o papel do amante, Cocker cantava as delícias do sexo com mulheres comprometidas. Em "Babies", escondia-se no armário para ver as transas da irmã da namorada. Em "Pink Glove", pedia que ela deixasse aquela cara que "a excitava com couro".
São as letras, mais do que a aparência, que explicam o status de símbolo sexual assumido com relutância por Cocker. "Na música pop, ou você adota a linha Prince/Madonna, tipo trepar-a-noite-toda sem parar, ou não fala no assunto. É estranho, já que as pessoas pensam nisso o tempo todo".
Há mais sexo em "Different Class": em "I Spy", ele quer ser pego em flagrante; "Underwear" fala de arrependimento na hora H.
Não há previsão de lançamento de "Different Class" no Brasil, segundo a Polygram. O disco pode ser encomendado na Indie (tel. 816-1220), Mo'Better (tel. 62-0108) e Sweet Jane (tel. 288-4847).

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