São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Julia Ormond faz a Sabrina dos anos 90

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A atriz inglesa Julia Ormond, 30, é a nova queridinha da imprensa norte-americana. Apontada como sucessora de outra Julia (a Roberts), ela se diz avessa a modismos e garante que não dá bola para a opinião dos críticos.
"A imprensa está toda excitada para colocar alguém no lugar da Julia Roberts. Primeiro foi a Sandra Bullock, agora sou eu. Isso é ridículo porque a Julia ainda está no auge da carreira. E eu não tenho nenhuma intenção de assumir o lugar dela", afirmou a atriz inglesa, em entrevista à Folha.
Ormond estreou na semana passada nos EUA como protagonista da comédia romântica "Sabrina". Ela interpreta a tímida filha de um motorista, apaixonada pelo dono da casa e que sofre uma transformação digna de Cinderela após passar uma temporada em Paris.
Corajosa, Ormond diz que não se sentiu intimidada ao aceitar um papel que já foi de Audrey Hepburn na primeira versão do filme, em 1954.
"Sabia que as comparações seriam inevitáveis, mas tenho confiança no meu potencial", disse.
Ormond admite que parte de sua popularidade nos EUA se deve ao fato de ela ter contracenado recentemente com três dos maiores "galãs" de Hollywood (Brad Pitt, Richard Gere e Harrison Ford). Mas nega que tenha aceitado participar dos filmes por causa disso.
"Foi pura coincidência. Tive sorte. Não fico procurando saber qual será o próximo filme de Mel Gibson, por exemplo."
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - Você está na capa das principais revistas dos EUA e é apontada como a nova Julia Roberts. O que acha disso?
Julia Ormond - Sempre que alguma atriz está no topo, a imprensa fica querendo derrubá-la para eleger uma nova musa. Não gosto disso e nem quero chegar ao apogeu. É uma posição muito difícil porque todos os olhos ficam voltados para a gente.
Folha - Você tem fama de cuidar muito da imagem...
Ormond - Não é verdade. Só que basta a gente contratar um agente, um relações-públicas para ficar com fama de ser boçal. Minha única preocupação é evitar a superexposição. Porque quando você fica fácil, termina cansando as pessoas.
Folha - Foi isso o que aconteceu com Sandra Bullock?
Ormond - Prefiro não citar nomes.
Folha - A crítica elogiou sua performance em "Sabrina", mas tem sempre gente dizendo que não chega aos pés de Audrey Hepburn...
Ormond - Quando aceitei o papel, sabia que teria que passar por isso. Por melhor que eu estivesse, sempre haveria alguém lembrando como Audrey era melhor. Paciência. Confio no meu talento e procuro não perder muito tempo com isso.
Folha - Você assistiu a versão original de "Sabrina"?
Ormond - Vi rapidamente, quando as filmagens já estavam pela metade. Por incrível que pareça, não tive tempo de assistir antes.
Folha - E a atuação de Audrey Hepburn te influenciou?
Ormond - Não porque as nossas Sabrinas são muito diferentes. Elas estão separadas por 30 anos, é quase como se fosse um outro personagem.
Folha - Como foi trabalhar com Harrison Ford?
Ormond - Ele é totalmente "cool. Nunca vi alguém que tivesse tanto autocontrole. Harrison é um doce e, como eu, gosta de brincadeiras.
Folha - Ele não tem fama de brincalhão.
Ormond - É que o humor dele é sutil. Tinham me falado que Harrison era fechado e sério, mas não é verdade. Ele morria de rir das besteiras que eu dizia.
Folha - Nas telas você sempre faz papel de mocinha. Mas fora delas parece que você gosta mesmo é de comédia.
Ormond - Infelizmente Hollywood espera que as mulheres sejam bonitas, não engraçadas ou inteligentes. O humor no cinema ainda está restrito aos homens. As únicas mulheres que conseguiram furar esse bloqueio recentemente foram Meg Ryan e Merryl Strip. Eu quero ser a próxima.
Folha - Você já contracenou com Brad Pitt, Richard Gere e Harrison Ford, três dos atores considerados mais sexys nos EUA...
Ormond - Quatro com Sean Connery. Mas foi pura sorte, não fico escolhendo os atores com que irei contracenar pela beleza.
Folha - Você jurou que não diria qual deles beija melhor...
Ormond - E não vou quebrar a promessa. Só posso dizer que Harrison Ford está no meio, ele não é o melhor, nem o pior.
Folha - Apesar de todo o sucesso nos EUA, você continua morando em Londres.
Ormond - Sou 100% inglesa e acho que ficaria louca se tivesse que mudar para os EUA. Adoro Londres e sempre vou a Paris também. Não conseguiria ficar longe dessas duas cidades por muito tempo.
Folha - Que coisas você gostaria de fazer e desiste por causa da fama?
Ormond - Tenho tido vontade de tomar um porre, rir sem parar e fazer uma coisa bem idiota como pular de roupa na piscina ou num rio. Não faço porque não dá tempo. A notoriedade só traz esse problema: você perde controle sobre o relógio.

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