São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Etnólogo lança livro de receitas iorubás

LUIZ FRANCISCO; SILVIA DE MOURA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O etnólogo francês Pierre Verger, 93, lança hoje, em Lauro de Freitas (na região metropolitana de Salvador), o livro "Ewé - O Uso das Plantas na Sociedade Iorubá".
O lançamento está previsto para 19h30, no Terreiro Ilê Axé Opô Aganju. O livro, que custa R$ 45, é editado pela Companhia das Letras e foi patrocinado pela Fundação Odebrecht. O texto de apresentação foi escrito por Jorge Amado.
Segundo Verger, o livro é resultado de mais de 40 anos de pesquisas realizadas na região do Golfo do Benin, na África. Com 763 páginas, o livro traz 447 receitas na língua iorubá, traduzidas para o português.
Segundo o etnólogo, seu livro é dedicado principalmente às pessoas supersticiosas e aos estudiosos interessados no idioma iorubá. O iorubá é um idioma milenar originário da África Ocidental.
"Os poucos conhecimentos que tinha dos orixás da Bahia foram fundamentais para começar a escrever este livro", diz Verger.
Ele afirma que começou a se interessar pelo livro na década de 40, mas somente em 1953, seis anos após chegar à Bahia, começou a fazer as pesquisas.
Para catalogar todas as receitas, Verger morou 17 anos na África. "Consegui reunir 2.216 receitas durante este período."
Entre as receitas, estão as que ensinam a tratar impotência sexual e aumentar o desenvolvimento dos seios. O livro também traz receitas que ajudam a combater a guerra, a ganância e a teimosia.
Verger disse que a maioria das receitas não tem explicação, mas que as plantas exercem grande poder sobre quem as ingere.
"As pessoas me disseram que seus antepassados conseguiam evitar problemas com a simples utilização dessas fórmulas", diz ele.
Para grafar corretamente as palavras em iorubá, Verger recorreu a um dicionário. "Meu trabalho foi redobrado porque além de anotar as palavras ainda tive que utilizar o dicionário para me consultar sobre a grafia exata".
Verger disse que recebeu propostas de uma editora francesa que estaria interessada na publicação do livro na Europa.

Colaborou Silvia de Moura, da Agência Folha

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