São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juppé recua, mas sindicatos mantêm greve

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

O primeiro-ministro francês, Alain Juppé, recuou em todos os pontos do seu plano de reformas sociais, com exceção da reforma da Previdência Social, mas os principais líderes sindicais dizem que as concessões são insuficientes para terminar a greve.
Pela primeira vez em 19 dias de greve, Juppé encontrou-se ontem com os líderes das duas centrais sindicais que comandam a greve, Louis Viannet, da Confederação Geral do Trabalho, e Marc Blondel, da Força Operária.
Na saída do encontro, Viannet disse que "a posição do primeiro-ministro sobre a proteção social ainda não mudou e continua a ser o oposto da que desejamos".
Líder mais radical no início da greve, Blondel disse que "mesmo que ele não venha a retirar seu plano para a Previdência, Juppé poderia pelo menos adaptá-lo às concepções francesas mais tradicionais sobre proteção social".
Nas primeiras duas semanas da greve, Blondel dizia que a retirada do plano era condição prévia para o início das negociações. No final da semana passada, surgiram divisões no interior da central dirigida por Blondel. Alguns sindicatos já falavam em terminar a greve.
Está marcada para hoje uma nova jornada de protestos contra a política social de Juppé. Na última quinta-feira, um milhão de pessoas foram às ruas contra a reforma da Previdência.
Segundo Blondel, ainda não há previsão alguma para o fim das paralisações. "Não é possível parar uma greve como se aperta o botão para desligar uma máquina. É preciso convencer os grevistas."
Blondel e Juppé estão de acordo em pelo menos um ponto: a organização de uma "cúpula social", uma série de reuniões entre governo, sindicatos e empresários para firmar um acordo sobre empregos.
O assunto divide aliados de Juppé. Nicole Notat, líder de uma das três grandes centrais e que dá "apoio crítico" a Juppé, discorda da idéia da cúpula, que acha "prematura". "Vamos misturar todos os problemas com 'o' grande problema, o do desemprego."
É a mesma posição de Jean Gandois, líder da central sindical do empresariado. "Não estamos prontos para uma reunião onde se vai discutir tudo e qualquer coisa". Gandois teme um acordo que interfira no setor privado, até agora majoritariamente fora da greve.

Texto Anterior: Membros de seita confessam atentado; Condenado nos EUA pede fuzilamento; Líder rebelde da Caxemira é morto; Rússia tem pior nível de respeito a direitos; O NÚMERO; Ganhador de loteria desaparece na Itália; Líder golpista da Venezuela é eleito
Próximo Texto: Leia as razões do rombo na Previdência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.