São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995 |
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Leia as razões do rombo na Previdência
JOÃO BATISTA NATALI
É basicamente o rombo provocado por essa lógica que levou a França ao seu atual impasse. A Previdência traz nos últimos quatro anos um déficit acumulado de US$ 50 bilhões e representará em 1995 o grosso dos US$ 65 bilhões do déficit orçamentário. Com esse valor daria para construir cinco vezes o Eurotúnel (que atravessa o canal da Mancha). O pacote anunciado pelo governo em 15 de novembro impõe alíquota suplementar de Imposto de Renda de 0,5% para as pessoas físicas e, para funcionários públicos e empregados de estatais, proíbe novas contratações e aumenta de 37,5 anos para 40 anos o período de cotização à aposentadoria. O sistema previdenciário francês data de 1813, quando foi criado o primeiro fundo de pensão para os acidentados de trabalho. Tornou-se abrangente nos anos 30 e desde 1978 beneficia a totalidade dos assalariados. O empregado cotiza no mínimo 6,8% do salário bruto, e o empregador, 21% da folha de pagamento. O governo quer aumentar a cotização de forma a arrecadar em 1996 cerca de US$ 9,4 bilhões. Compromete-se a manter a qualidade invejável de sua rede pública de hospitais, mas estipula limites para o volume de exames de laboratório e para o reembolso de medicamentos receitados. Há dois outros nós górdios no impasse a que chegou a França. O primeiro deles diz respeito aos ferroviários. A estatal SNCF está com uma dívida acumulada de US$ 35 bilhões. Quer reduzir o quadro de funcionários e desativar uma parte dos 6.000 km de vias deficitárias. Seus empregados também resistem ao plano de eliminar uma aposentadoria especial que só eles obtêm aos 50 anos de idade. O último nó está nas universidades. Os 2,2 milhões de estudantes matriculados custam individualmente por ano US$ 8.500. Reivindicam maior dotação para se equiparar a países como Alemanha e Reino Unido, com os quais já competem no mercado de trabalho conjunto da União Européia. O governo responde que o atual déficit do Orçamento torna inviável qualquer investimento de peso no ensino público superior. Texto Anterior: Juppé recua, mas sindicatos mantêm greve Próximo Texto: Esquerda vence eleição Índice |
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