São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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O ano do desemprego

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem Sivam, nem pasta rosa.
A dor-de-cabeça ainda nem começou, para o presidente e o país. Ou ainda, já começou, mas vem muito mais.
O anúncio vem sendo feito aos poucos, aqui e ali.
Por exemplo, uma semana atrás, quando a Confederação Nacional da Indústria divulgou que novembro foi "o sexto mês de dispensa de funcionários" e fez uma previsão de "pressão social" ano que vem.
Um segundo levantamento entre os empresários chegou à certeza de que "o desemprego deve ser o grande problema do Brasil em 96", o que levou um dos âncoras da CBN, domingo, a vaticinar:
- 96 ficará marcado como o ano do desemprego.
Um tucano economista dos mais influentes no Congresso e no governo, Antônio Kandir não pensa diferente, como ele deixou bem claro na Cultura, no Roda Viva.
Questionado por fax, sobre se o resultado da "soma" da globalização com as reformas tributária e previdenciária vai ser a "geração de empregos", não engasgou para desenhar um pesadelo no ano novo:
- Eu não tenho ilusões. No primeiro semestre, a onda de desemprego vai aumentar.
- Não há a menor dúvida, é o maior problema do governo. Certamente vai ser o problema central em 96 e 97.
- O emprego é o centro do debate, atualmente.
Pelo que deu a entender, o emprego é o centro do debate, mas na equipe econômica, ou nas equipes econômicas.
E afirma ele, "já é consenso no governo dar um estímulo fortíssimo à construção civil". É consenso no governo, que não toca no assunto, sequer na palavra, em público.
Talvez seja hora de abrir o jogo aos interessados.
Eurico na TV
Eurico Miranda, acusado de extorsão de bingos, e também o responsável por negociar a transmissão de jogos pela TV, ganhou todo o tempo do mundo -ontem na TV.
Apresentou documentos que comprovariam que a empresa de Pelé chegou a ter interesse num bingo. Foi o bastante para insinuar, com malícia:
- Eles aparentemente, quer dizer, eu não posso afirmar, mas aparentemente eles saíram do negócio e tem... tem firmas aí que estão explorando.
O jogo, Pelé sabe, é pesado.

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