São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Presidente tem culpa do suicídio, diz viúva

DA SUCURSAL DO RIO

A viúva do embaixador Mauro da Fonseca Costa Couto, que se suicidou por ser acusado de desviar dinheiro da Embaixada do Brasil no Iraque, Maria Lúcia Costa Couto, culpou ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso pela morte do marido.
O Palácio do Planalto não havia se manifestado até o fechamento desta edição.
Segundo Maria Lúcia, os três inquéritos abertos pelo Itamaraty para apurar desvio de recursos com a conversão de dólares no mercado negro de Bagdá não comprovaram a culpa dos três acusados. A conclusão da culpa dos três, segundo ela, ocorreu porque FHC teria pressionado o Itamaraty para dar "satisfação à opinião pública.
Com base no inquérito, que concluiu pelo desvio de US$ 1,5 milhão, o conselheiro René Loncan Filho e o oficial de chancelaria Alcenir Rodrigues de Oliveira foram demitidos anteontem do Itamaraty. Eles eram auxiliares de Mauro Costa Couto no Iraque.
Costa Couto se suicidou no último dia 3, atirando-se da janela de seu apartamento, no quinto andar de um edifício na Lagoa (zona sul do Rio). Ele tinha 62 anos.
Maria Lúcia divulgou ontem uma carta afirmando que, com a condenação, o Itamaraty "rompeu o acordo de cavalheiros que permitia a qualquer custo manter as embaixadas funcionando.
Segundo a viúva, em países onde o câmbio paralelo oscila muito em relação ao oficial, sempre foi prática comum os embaixadores usarem o lucro do câmbio paralelo para compensar a falta de repasse de verba pelo Itamaraty nos três ou quatro meses do início do ano.
"Meu marido foi abandonado pela instituição à qual dedicou toda sua vida, afirma Maria Lúcia.

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