São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Privatização da Vale pode atrasar 1 mês

DA SUCURSAL DO RIO

A desclassificação do consórcio Itajubá da concorrência para fazer a avaliação econômico-financeira e a modelagem de privatização da Companhia Vale do Rio Doce poderá atrasar o processo de venda da empresa em cerca de um mês.
O consórcio é formado pelo Banco Pactual e as empresas Morgan Stanley, Booz Allen & Hamilton e SBC Warburg. Ele foi desclassificado por pedir um preço considerado abaixo do possível para fazer o serviço. O governo quer vender a Vale em 96.
O consórcio tem cinco dias úteis, a partir de ontem, para recorrer da decisão da Comissão Especial de Licitação. Ontem, o recurso não foi encaminhado ao BNDES.
O presidente do Pactual, Luiz Cezar Fernandes, ainda não tinha uma definição sobre se o consórcio iria recorrer e qual seria a estratégia do recurso. Segundo ele disse às 20h de ontem, reunião entre os membros do consórcio não chegou a uma conclusão sobre o caso.
Se o Itajubá recorrer no limite dos cinco dias úteis, a comissão de licitação terá que dar outros cinco dias aos demais concorrentes para que eles possam impugnar o recurso.
Somente após esse prazo a comissão irá avaliar se reconsidera sua decisão, tendo mais cinco dias para isso.
Caso ele não reconsidere, o recurso terá que ser encaminhado à diretoria do BNDES, que terá outros cinco dias para dar a palavra final.
O preço de R$ 7,5 milhões pedido pelo Itajubá foi considerado "inexequível" porque ficou abaixo de 80% da média dos outros cinco menores preços. A desclassificação por esse motivo está prevista no edital da licitação.
Segundo Ery Fernandes, representante do consórcio na abertura dos envelopes, o recurso é cabível. Ele diz que o consórcio considera que existe apenas uma "presunção de inexequibilidade".
Brecha
Segundo a Folha apurou, há uma brecha importante no edital para o recurso do Itajubá.
É que o preço da avaliação econômico-financeira e da modelagem será descontado da comissão que o consórcio vencedor desta parte da licitação irá receber pela colocação de ações da Vale nos mercados nacionais e internacionais.
Os envelopes com as taxas de comissão pedidas pelos nove participantes da disputa só serão abertos após a definição do caso, que por enquanto está paralisado.
Se a taxa pedida pelo Itajubá for maior que as de outros concorrentes, o preço final dele pelo serviço total poderá ficar maior que os de concorrentes que cobraram pela avaliação e modelagem um preço maior.
Segundo a Folha apurou, membros da comissão consideram que se a linha do recurso do Itajubá for por esse caminho, o julgamento será difícil.
Cenário
A desclassificação do banco, se for mantida, muda o cenário da licitação que vai escolher a empresa que vai fazer a avaliação da Vale.
O consórcio Itajubá estava em segundo lugar no quesito nota técnica do processo de avaliação, que faz parte do processo de escolha, com média 9, 9548.
Sua desclassificação melhora a posição da Associação Projeta, liderado pela corretora Merrill Lynch que teve 9,5376 de nota técnica.
O consórcio liderado pelo banco BBA teve dez na nota técnica.

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