São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Pelé tem interesse em bingos, diz relator

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) voltou ontem a acusar o ministro extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, de ter interesses empresariais na exploração de casas de bingo. Miranda divulgou papéis que, na sua opinião, indicam a ligação do ministro.
O deputado, que é relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, não vê ilegalidade nessa situação, mas afirma que Pelé não deveria se manifestar sobre os bingos porque tem interesses particulares na área.
Na semana passada, Miranda fez a mesma afirmação durante discurso no plenário da Câmara, mas não mostrou os papéis.
Era a resposta a uma declaração do ministro dos Esportes, que lamentara o fato de dirigentes de futebol estarem sendo acusados de extorsão na CPI dos Bingos.
O deputado Marquinho Chedid (PSD-SP) foi acusado por Ricardo Steinfeld, dono de bingo em São Paulo, de pedir dinheiro para não atrapalhar seus negócios.
Steinfeld disse também que Miranda havia lhe sugerido que procurasse Chedid. Miranda é dirigente do Vasco da Gama.
Os papéis que, segundo Miranda, indicam a ligação de Pelé com bingos são recibos e uma série de correspondências entre a empresa Sonestel, fabricante de máquinas de bingo no Rio de Janeiro, e Roberto Seabra, sócio do ministro dos Esportes na empresa Pelé Sports & Marketing e membro do conselho do Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Esporte).
Nos papéis, datados de setembro e outubro do ano passado, negocia-se a compra de equipamentos para a instalação de uma casa de bingo no cine Copacabana (zona sul do Rio).
Os recibos indicam desembolsos de R$ 170 mil pela empresa Game Consultoria e Propaganda. Uma das cartas, de 11 de maio de 95, foi escrita em papel timbrado da Pelé Sports & Marketing.
Nessa carta, Roberto Seabra fornece informações sobre equipamentos de informática para a instalação de três laboratórios, cada um com oito computadores ligados em rede.
Sigilo
A CPI dos Bingos não votou ontem, por falta de quórum, pedido do corregedor da Câmara, Beto Mansur (PPB-SP), para quebrar o sigilo das contas telefônicas de todos os membros da CPI.
Mansur fez o pedido coletivo porque acha que pedidos específicos poderiam constranger os investigados.
A comissão de sindicância quer descobrir se houve conversas telefônicas entre deputados e os proprietários de bingos que fazem acusações de terem sido vítimas de extorsão.
Miranda apresentou ontem o relatório da CPI, propondo medidas mais rigorosas para a exploração de bingos. O relatório dever ser debatido hoje.
O prazo para que os deputados votem o relatório da CPI acaba amanhã.

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