São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Depoimento de Lôbo e TCU dão fôlego a supercomissão

RAQUEL ULHÔA; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A supercomissão do Senado que investiga o caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) ganhou fôlego ontem com o depoimento do ministro da Aeronáutica, Lélio Viana Lôbo, e com as denúncias contidas no relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o projeto.
O relator da comissão, Ramez Tebet (PMDB-MS), que pretendia encerrar ontem a fase de depoimentos e estava decidido a apoiar a manutenção do Sivam, mudou de idéia e disse que mais pessoas podem ser convocadas a depor. Ele acha que o relatório do TCU tem de ser "melhor analisado".
Para Tebet, "ficaram muitas dúvidas em relação ao envolvimento da empresa Esca (que gerenciaria o projeto e foi afastada por causa de fraudes junto à Previdência) com a Raytheon (empresa norte-americana que forneceria os equipamentos do Sivam)".
O líder do PMDB, Jáder Barbalho (PMDB-PA), afirmou que a denúncia do TCU de que a Esca mantinha relações contratuais com a empresa Raytheon na mesma época em que prestava serviços ao Ministério da Aeronáutica significou um "strip-tease" do projeto de vigilância da Amazônia.
"O Sivam está nu", disse Jáder Barbalho. Para ele, o contrato entre o governo brasileiro e a Raytheon para fornecimento de equipamentos tem de ser "cancelado", por estar "definitivamente sob suspeita".
"Como podia a Esca, que tinha uma ligação tão íntima com a Aeronáutica, manter um contrato com a empresa interessada em vencer a concorrência, para fornecer os equipamentos do Sivam?", perguntou o líder do PMDB. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) declarou, durante depoimento do ministro, que votará contra a continuidade do Sivam.
O presidente da supercomissão, senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que "surgiram fatos importantes" a partir do relatório do TCU.
Após se encontrar com o relator, ACM convocou reunião da supercomissão para hoje (17h) e vai submeter ao plenário a decisão de convocar novos depoimentos. Na sua opinião, já há "material suficiente" para a conclusão da apuração, mas quer que os integrantes da comissão especial decidam.
Foram apresentados requerimentos para convocar o ex-presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Francisco Graziano; o ex-ministro da Aeronáutica Mauro Gandra; o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg.
(Raquel Ulhôa e Lucas Figueiredo)

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