São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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Nos EUA, Peres apela à Síria pela paz

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, fez ontem, desde o Congresso dos EUA, apelo pessoal ao presidente da Síria, Hafez Assad, para que ambos encontrem uma fórmula para estabelecer a paz entre os dois países.
"Nós estaremos prontos para tomar as medidas necessárias, quando vocês estiverem", disse ele após ter pedido permissão ao presidente do Congresso, Al Gore, para se dirigir a Assad.
O plenário da Câmara dos Representantes (deputados) estava lotado para a sessão conjunta do Congresso convocada para ouvir Peres, em sua primeira visita aos EUA desde o assassinato de seu predecessor, Yitzhak Rabin.
Peres, 72, repetiu as palavras que Lyndon Johnson usou no mesmo local em 64, em seu primeiro discurso como presidente, após a morte de John Kennedy: "Daria tudo que tenho, com alegria, para não estar aqui agora".
A platéia, formada por parlamentares, juízes da Suprema Corte, ministros do governo Clinton e representantes do corpo diplomático em Washington, interrompeu Peres onze vezes com aplausos.
Uma delas, quando ele lembrou que enquanto falava em Washington, tropas de Israel se retiravam de cidades da Cisjordânia "para nunca mais voltarem como invasoras, porque nós não queremos ocupar ninguém".
A Síria abandonou em junho conversações de paz com Israel que vinham se realizando há quatro anos. O ponto de discórdia foi a exigência israelense de instalar sistemas de defesa nas colinas de Golã antes de devolvê-las.
O Golã foi tomado da Síria por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. O território é considerado de importância estratégica para Israel.
Peres não se compromete com a devolução das colinas de Golã em troca de um acordo com a Síria, embora a fórmula de dar territórios para garantir a paz tenha sido usada com Egito, Jordânia e OLP.
Na segunda-feira, o presidente Clinton deu a Peres garantias de que os EUA irão minimizar os riscos de segurança que Israel assumir para chegar à paz com a Síria.
Para Clinton, o acordo, que completaria o círculo de paz entre Israel e seus vizinhos, seria importante trunfo político na sua campanha pela reeleição em 1996.
O secretário de Estado, Warren Christopher, viaja nesta sexta-feira a Damasco para conversar com Assad. Clinton falou pelo telefone com Assad anteontem.

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