São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995 |
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Bingos de azar As suspeitas de extorsão e suborno envolvendo membros da CPI dos Bingos apenas tornam ainda mais absurda uma situação já condenável. Os salões de bingo tornaram-se verdadeiros cassinos. Além da sonegação de impostos e outras irregularidades, suspeita-se agora de que bingos sirvam para a lavagem de dinheiro ilegal do jogo do bicho. A eventual corrupção de deputados investidos da função de investigar as irregularidades apenas completa o quadro desabonador. O fato é que, como tantas vezes ocorre no Brasil, utilizou-se uma brecha legal para alcançar um fim que o espírito da lei condena. A rápida disseminação dos salões de bingo em todo o território nacional ocorreu ao arrepio da proibição geral dos jogos de azar no país. Parece absolutamente correta a intenção do corregedor da Câmara de encaminhar à Procuradoria Geral da República pedido de quebra do sigilo das contas telefônicas dos membros da CPI que estão sob suspeita. Mas a rigorosa apuração dos fatos já não basta. Além da punição dos eventuais culpados no interior da CPI e de possíveis cúmplices fora dela, cabe questionar a própria existência dos bingos. Trata-se afinal de uma atividade que evidentemente ultrapassou a esfera recreativa ou beneficente. É preciso portanto que a sociedade discuta e defina claramente se deseja revogar a proibição dos jogos de azar ou fazê-la cumprir. Texto Anterior: Infância assassinada Próximo Texto: O crime da Poli Índice |
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