São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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BC acirra briga na Procuradoria

OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, voltou a entrar em rota de colisão com integrantes do MP (Ministério Público) por causa do conteúdo da pasta rosa do Econômico, que contém registros de supostas doações a candidatos nas eleições de 90.
O presidente do BC (Banco Central), Gustavo Loyola, passou por cima do pedido da subprocuradora Ela Castilho e vai encaminhar os originais da pasta rosa diretamente a Brindeiro, que não chegou a fazer qualquer solicitação.
É a segunda vez que o BC decide dirigir-se apenas a Brindeiro no caso da pasta. Na semana passada, contrariando solicitação de Castilho, Loyola encaminhou cópia da documentação apenas a Brindeiro.
A subprocuradora foi a responsável pela solicitação do material, mas viu na decisão do BC uma manobra para afastá-la das investigações do Econômico. Ela acusou Brindeiro de estar atrapalhando o trabalho dos demais procuradores.
Os dois já haviam dado sinais de que não estão se entendendo quanto à investigação. Enquanto Castilho tem pressa, Brindeiro tem demonstrado cautela.
A subprocuradora chegou a comentar que existe um "temor reverencial" de Brindeiro, que estaria buscando evitar embaraços aos políticos citados na lista como supostos beneficiados pelo Econômico. Brindeiro é primo do vice-presidente Marco Maciel.
O conflito dentro do MP pode se acirrar com a decisão do BC. A subprocuradora encaminhou anteontem ofício a Loyola, pedindo a documentação original para compará-la com as cópias que estão na Procuradoria.
Ontem pela manhã, Brindeiro recebeu representação do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) contra diretores do BC, mas não forneceu cópia do documento à imprensa, alegando que ainda não havia lido o material.
"O objetivo do Ministério Público não é realmente divulgar matérias que são objeto de representação, mas investigar e tomar as providências cabíveis", disse Brindeiro. Ele descartou que a documentação enviada por ACM seja um pedido de informações.
"O senador me disse que faria uma representação, o que significa na linguagem jurídica que já tem elementos suficientes para fazer acusação de alguma ilegalidade ou prática de crime", afirmou.

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