São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China apóia Brasil em conselho da ONU

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O governo da China deu ontem apoio declarado à intenção do Brasil de integrar o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
O apoio "expresso" foi dado pelo presidente Jiang Zemin, que defendeu a reforma na composição do Conselho de Segurança da ONU para abrigar um maior número de países em desenvolvimento. A China é o único país dessa categoria que integra o Conselho.
Em troca, FHC deu seu apoio ao principal pleito da política externa chinesa: o ingresso do país na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Nenhuma organização que trate de comércio pode ter pretensões de universalidade sem a participação da China", declarou FHC em palestra na Academia de Ciências.
A visita de FHC à China começou oficialmente ontem, com a cerimônia de boas vindas num gigantesco salão da Grande Casa do Povo, na praça da Paz Celestial.
"O senhor trouxe a neve, um símbolo de sorte", saudou o presidente Jiang. Do lado de fora do salão, caía a primeira nevada da estação. Fazia cinco graus negativos.
FHC comentou que felizmente visitara na véspera a Muralha da China. "Ontem fui lá e quase perdi o fôlego, mas hoje escorregaria e quebraria o braço como a minha mulher".
A passagem pela Grande Casa do Povo seguiu descontraída até o brinde oferecido após a assinatura de seis atos de cooperação.
"Gãn Bei", esvaziem as taças, puxou a atriz Lucélia Santos, a integrante mais popular da comitiva na China, por causa da novela "Escrava Isaura".
Entre os atos oficiais produzidos na visita, o mais importante é o acordo para expansão do programa de construção de satélites de rastreamento do solo.
O primeiro satélite do programa deverá ser lançado em 97. O laboratório em que está sendo fabricado será visitado hoje por FHC.
Hidrelétrica
Nos três encontros que manteve ontem com as principais autoridades chinesas, o presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a participação de empreiteiras brasileiras na construção da hidrelétrica de Três Gargantas, planejada para ser a maior usina do planeta.
As empreiteiras Mendes Júnior, Camargo Correa, Andrade Gutierrez e CBPO (do grupo Norberto Odebrecht) disputam a obra, orçada em US$ 40 bilhões. Seus representantes acompanham FHC na viagem à China.
"Abriram-se perspectivas concretas de ação no campo de energia elétrica, de participação de empresas aqui", registrou FHC ao final do dia de encontros oficiais, que classificou de "positivo".
O obra será objeto de concorrência internacional, informou o primeiro-ministro chinês, Li Peng, segundo relato do porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral.
Ele disse que FHC foi específico nas conversas com autoridades sobre o interesse de empresas brasileiras em Três Gargantas.

Texto Anterior: BC acirra briga na Procuradoria
Próximo Texto: Casal conhece especialidades
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.