São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995 |
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Deputados decidem não investigar Chedid
PAULO SILVA PINTO
Chedid é acusado por donos de bingos de São Paulo de cobrar propinas em troca de proteção nas apurações da comissão. Os deputados da CPI aprovaram a quebra do sigilo telefônico de todos os membros presentes, com exceção de Chedid. A decisão foi tomada antes da votação do relatório de Eurico Miranda (PPB-RJ) que, aprovado, pôs fim à CPI. "Não posso aprovar a quebra de meu sigilo telefônico porque, de acordo com a Constituição, a CPI só pode investigar aquilo para que foi constituída", disse Chedid. A quebra do sigilo telefônico tinha como objetivo descobrir se houve mesmo ligações telefônicas entre Chedid e os bingueiros que o acusam de extorsão. O corregedor da Câmara, Beto Mansur (PPB-SP), disse que pediu a "colaboração" da CPI na quebra de sigilo porque o procedimento seria mais rápido do que a outra opção: fazer o pedido à Justiça. "Agora vou pedir à Justiça a quebra do sigilo de todos os membros e suplentes, não interessa o que a CPI já aprovou", diz. Ele preside uma comissão que investiga o possível envolvimento de Chedid e outros deputados com extorsão de bingueiros. A CPI não votou, por falta de quórum, a quebra de sigilo de contas de 20 números de telefones de funcionários e proprietários de bingos. Segundo Zulaiê Cobra (PSDB-SP), presidente da CPI, uma consulta à Telesp indicou que 18 desses números não coincidiam com os nomes dos assinantes. Foram colocados em votação dois requerimentos para a quebra de sigilo. No primeiro, só se quebrou o sigilo dos deputados que se propuseram a isso. O segundo era um pedido coletivo, que ficou empatado. O relator desempatou e derrubou a proposta. Chedid fez "boca-de-urna" em favor dele mesmo. Virou-se para Nelson Otoch (PSDB-CE) e perguntou: "Você confia em mim?". Diante da resposta positiva, disse: "Então vota contra." O deputado Ricardo Gomyde (PC do B-PR) não teve a quebra de sigilo votada, apesar de ter pedido isso por escrito. É que ele está em viagem oficial à China. O relatório de Eurico Miranda teve a aprovação de todos os deputados, com exceção de Padre Roque (PT-PR), que é contra a existência de salões de bingos com aparelhos eletrônicos de sorteio. Miranda quer uma regulamentação mais rígida para autorização e o funcionamento de bingos (veja quadro ao lado). Propõe projeto de lei específico para os bingos. Hoje, a matéria é regulamentada pela Lei 8.672/93, a Lei Zico. Miranda diz ter constatado irregularidades em 35 bingos investigados. Em alguns casos, sugeriu ações penais e policiais. O bingo mais citado no relatório é o Liberty Plaza (veja reportagem ao lado). Um de seus proprietários, Ricardo Steinfeld, disse ter entregue R$ 150 mil a Chedid. Afirmou que foi procurar o deputado por sugestão de Miranda. Texto Anterior: Covas estuda aumentar parcela do 13º dos funcionários públicos Próximo Texto: AS PROPOSTAS DO RELATÓRIO Índice |
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