São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Sarney vê tentativa de abafar escândalos

DA SUCURSAL DO RIO E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), disse ontem, no Rio, que o escândalo da pasta cor-de-rosa pode ser "uma contrapropaganda para matar outros assuntos que estão em pauta, como o projeto Sivam e o problema dos bancos".
O senador se referia a documentos encontrados por funcionários do Banco Central (BC) na sede do Banco Econômico, sob intervenção federal, que comprovariam doações financeiras da instituição privada para políticos na campanha eleitoral de 1990. Sarney estaria entre os beneficiários.
O senador peemedebista aconselhou o presidente Fernando Henrique Cardoso a procurar descobrir quem vazou as informações contidas na pasta.
"Esse é um problema dele (FHC), de administração, e ele deve procurar saber de que maneira essas coisas acontecem. É uma coisa que não tem nenhum significado e de repente é construída".
Ontem, outro parlamentar supostamente beneficiado pelas doações do Econômico, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), entregou apenas um pedido de informações sobre o Banco Central ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. Antes, o senador havia anunciado que entraria com uma representação contra a instituição.
Segundo Brindeiro, o documento contém dez questões sobre a atuação do BC em intervenções de bancos, como a do Econômico, e o papel do órgão como controlador do sistema financeiro nacional.
Por sua vez, a subprocuradora Ela Castilho deverá pedir abertura de inquérito policial e novas informações ao BC para investigar empresas que receberam recursos do Econômico na campanha de 90.
Somente com a ampliação das investigações Ela acredita que será possível identificar se os 25 políticos citados na pasta rosa usaram essas empresas para justificar o recebimento do dinheiro. Há suspeita de que as notas são "frias".
Mas toda informação que envolva parlamentares passará antes pelo carimbo "confidencial" do procurador-geral da República. Foi o que ele fez com as cópias da pasta recebidas do BC e depois entregues à subprocuradora.
"A Procuradoria só requisita documentos de acordo com a lei e a lei diz que essa informação é sigilosa. Só pode ser conferida àquele que se interessar na defesa de seu interesse, como pediu o ministro José Serra", disse Brindeiro.

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