São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidores pagam juro de 280% ao ano sobre inflação

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os juros cobrados de pessoas físicas estão mais baixos do que em meados deste ano, mas continuam absurdamente altos para um país com inflação de 1% ao mês.
Bens de consumo duráveis (como geladeiras e TVs) são financiados a 9% ao mês, o que representa 7,81% reais sobre a inflação de 1,11% medida pela Fipe, em São Paulo, no início de dezembro.
Taxa real de 7,81% equivale a 146,66% ao ano. Inflação de 1,11% projeta apenas 14,16% em 12 meses. Os salários, mesmo com reposição integral após um ano, teriam reajuste equivalente a este percentual.
Nos cartões de crédito e cheque especial são cobradas taxas ainda mais altas, em torno de 13% ao mês. Uma taxa dessas embute juro real de 11,76% ao mês, ou 279,68% ao ano.
Mesmo sobre os juros pagos a investidores o custo do crédito é elevadíssimo. A taxa do CDI, juro praticado entre os próprios bancos e parâmetro das aplicações, fechou novembro em 2,84% e projeta 2,72% para este mês.
Bancos e financeiras apontam, como causa do juro muito alto nas operações de crédito, a chamada cunha fiscal. É o efeito dos compulsórios (recursos depositados obrigatoriamente no Banco Central) e do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que está em 15% ao ano para pessoas físicas.
Em janeiro cairá o compulsório de 5% sobre o crédito (os principais recaem sobre depósitos), mas o alívio será pequeno. Representa cerca de 0,5% ao mês.
Se o IOF fosse de 3% ao ano, calcula o consultor José Dutra Vieira Sobrinho, o custo mensal dos financiamentos a pessoas físicas poderia cair de 2 a 2,5 pontos.
Como o IOF é cobrado de forma antecipada, seu custo efetivo supera 15% ao ano, explica Dutra.
Os financiamentos embutem também, além da margem de lucro e dos custos operacionais, uma taxa de risco para prevenir calotes.

Texto Anterior: São Paulo descobre a qualidade
Próximo Texto: Saiba quanto está pagando
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.