São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Fantasma da altitude aterroriza trekkers

IGOR GIELOW; LUIZ HENRIQUE RIVOIRO

Leves dores de cabeça e falta de ar dificultam a trilha para alcançar o Kala Pakar, ponto mais popular do Everest
No Nepal e do enviado especial
A aventura rumo ao Kala Patar (5.554 m), o mais popular ponto de observação do monte Everest, começa no aeroporto de Kathmandu, a bordo de um helicóptero de fabricação russa.
Aterrissar em meio às montanhas na pista inclinada do "aeroporto" de Lukla é outra prova de fogo. O helicóptero parece que não vai parar, mas pára.
No aeroporto é que são contratados os carregadores, a maioria de origem sherpa. Normalmente um carregador é capaz de levar a bagagem de três pessoas. O guia é fundamental. O recomendado é sair de Kathmandu com um.
De Lukla, no primeiro dia, caminha-se 2h30 por uma trilha de pedras escorregadias em meio à floresta, vilarejos e pedras talhadas como o Om!, mantra que, segundo os budistas, espanta os maus espíritos e cria harmonia.
A parada é em Phakding (2.640 m). No dia seguinte, a alvorada é às 6h. O destino é Namche Bazaar (3.450 m) já dentro do Parque Nacional de Sagarmatha, o nome em nepalês do Everest.
Após 2h de caminhada, cruzando pontes de madeira suspensas, chega-se ao parque. No "check point" são registrados todos os que entram e, ao sair, é preciso dar baixa para que se faça um controle em caso de acidentes como avalanches ou nevascas -no mês passado, dezenas de turistas morreram soterrados.
Uma pequena parada para almoço e caminha-se mais 2h40 por uma trilha íngreme até Namche Bazaar. Sábado é dia de bazar e a trilha fica congestionada.
Em Namche é possível tomar banho quente e descansar com relativo conforto em lodges. O banho deve ser solicitado com antecedência de 30 minutos, para que a água seja aquecida.
No terceiro dia, acorda-se cedo para ver o nascer do Sol em um dos melhores pontos de observação do Everest. A altitude começa a ser sentida e dificulta as subidas. Sente-se falta de ar e leve dor de cabeça. Para aliviar, caminha-se por 5h até Phunki (3.250 m).
Após almoço em Phunki, às margens de um riacho, retoma-se a trilha até Tengboche (3.860 m), onde encontra-se um monastério budista. No quarto dia, a dica é acompanhar uma cerimônia budista, que começa às 7h.
Após o ritual, mais trilha até Pangboche (4.000 m). A caminhada é curta, 2h, por um cenário que começa a se tornar árido. O objetivo é buscar adaptação à altitude.
No dia seguinte, o quinto, são mais 5h até Dingboche (4.350 m) por uma trilha não muito movimentada, árida, com uma visão fantástica das montanhas de Ama Dablam (6.812 m), Lhotse (8.516 m) e Nupse (7.855 m).
Próxima a Dingboche, uma encruzilhada leva a Pheriche, onde fica o único hospital local, especializado em mal de altitude, onde você pode fazer um check-up.
No sexto dia, a partir de Dingboche -onde não há banho quente e faz muito frio- caminha-se até Lobuche (4.940 m), último ponto de descanso antes do Kala Patar. A caminhada é duríssima. A altitude inviabiliza uma passada mais rápida e leva-se 3h45 até atingir o destino.
De Lobuche, parte-se cedo para Gorak Shep (5.170 m), aos pés do Kala Patar. O frio chega a -2oC e o vento é constante. Corta-se um vale coberto de pedras, o silêncio é total. Após 2h, atinge-se Gorak Shep. Para encarar o Kala Patar é preciso estar ciente de suas condições físicas.
É uma subida difícil por uma montanha de pedra negra até 5.554 m. De Gorak Shep já se tem uma bela visão do Everest e das montanhas à sua volta. Por isso, não fique chateado se não conseguir escalar o Kala Patar.
(IG e LHR)

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