São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Sarney vê falta de articulação

RAQUEL ULHÔA

RAQUEL ULHÔA; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), está preocupado com a falta de articulação política do governo e com o desgaste que o presidente Fernando Henrique Cardoso está sofrendo com as sucessivas crises.
Sarney manifestou a preocupação ao presidente interino, Marco Maciel, há dois dias, e tem a intenção de fazer o alerta ao próprio FHC, após seu retorno da China.
Para Sarney, os escândalos do Sivam e da "pasta cor-de-rosa" apenas expuseram mais uma vez a fragilidade do governo.
Na opinião do Sarney, FHC teria que contar com um ou mais políticos experientes em seu ministério, para articularem as ações do governo. Ele acha que o próprio FHC tem de mudar sua postura.
Em conversas reservadas, o presidente do Congresso tem dito que FHC está muito exposto, aceitando provocação da imprensa para responder a críticos do governo.
Para Sarney, este comportamento, somado à falta de habilidade políticas de alguns ministros, está tornando FHC vulnerável. O governo estaria sendo sustentado apenas pelo sucesso do Real.
No plano político, avalia, o desempenho tem sido crítico. Um dos últimos fatos que mostraram isto foi o depoimento do ministro da Aeronáutica, Lélio Viana Lôbo, na supercomissão do Senado que investiga o projeto Sivam.
O depoimento foi considerado um desastre pelas principais lideranças partidárias no Senado. Os líderes do governo admitem que ficou difícil defender o projeto.
Maciel
O presidente interino, Marco Maciel, negou ontem que esteja havendo uma rebelião na base governista no Congresso. Ele aproveitou ainda para elogiar o deputado Luís Eduardo Magalhães, presidente da Câmara, "um dos melhores do país e da nova geração".
"Não há rebelião. Eu acho que o Congresso é a casa da representação e consequentemente aberta ao debate e muita discussão. Mas não há crises."

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