São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Decisão do TST obriga demissões, diz FHC

MARTA SALOMON
DA ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o Banco do Brasil terá que demitir funcionários para pagar o reajuste salarial de 25% fixado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), caso não seja possível mudar a decisão dos juízes.
"Precisa ver primeiro se pode haver recurso. Se não puder, caberá ao Banco do Brasil tomar as medidas compatíveis. O que não pode é deixar o Banco do Brasil quebrar", disse o presidente.
Entre as medidas que o banco teria que tomar para cumprir a decisão do TST, FHC citou a diminuição no número de funcionários e cortes nos gastos. "Isto complica mais do que ajuda".
O presidente alertou que se a decisão de anteontem do TST se generalizar e a Justiça determinar a correção dos salários de acordo com a inflação integral acumulada no último ano, o combate à inflação ficará comprometido. "Se este for o caminho, é a volta da inflação", disse.
O aumento foi 3,36% superior ao resíduo do IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real), o mínimo garantido pela medida provisório que acabou com a correção automática de salários pela inflação passada. Os bancários do sistema privado vão receber 30% de reajuste e o Banco do Brasil oferecia 20,94%, equivalentes ao resíduo do IPC-r.
Em entrevista concedida na manhã de ontem (madrugada no Brasil), o presidente criticou a decisão do TST de ignorar a medida provisória da desindexação.
"A Justiça é um poder independente, mas deve haver uma adaptação da mentalidade a uma economia sem inflação", comentou, à saída da Cidade Proibida, onde ficam os palácios dos antigos imperadores chineses em Pequim.
"Este tipo de decisão deveria ser pensada com mais de profundidade."
FHC não adiantou quanto o governo pretende conceder de reajuste salarial aos funcionários públicos em janeiro -a primeira data-base após a desindexação. Perguntado se os funcionários poderiam ficar sem reajuste salarial, o presidente se limitou a responder: "Não faço a menor a idéia".

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