São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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PFL e PMDB armam rebelião contra FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os dois maiores partidos da base governista -PFL e PMDB- se uniram contra o governo. Eles reclamam que vêm sendo atingidos por escândalos produzidos no Executivo.
Listam o escândalo do Sivam, o vazamento da pasta cor-de-rosa e a cooptação de parlamentares pelo PSDB em troca de cargos como responsáveis pela crise política.
O PFL engrossa suas queixas com o caso Econômico, sem solução até agora. O presidente do partido, Jorge Bornhausen, afirmou que uma solução para a intervenção federal no banco baiano ajudaria na busca de um entendimento.
A primeira iniciativa do Palácio do Planalto para abafar a rebelião entre seus aliados foi adiar de 18 de dezembro para 8 de janeiro a data da convocação extraordinária do Congresso. Com isso, o governo pretende ganhar tempo para contornar os problemas.
A idéia foi apresentada ontem à noite, por telefone, ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Quem lhe telefonou foi seu vice, Marco Maciel, após entendimentos mantidos com os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Com isso, hoje será o último dia de trabalho do Congresso. A crise será posta na geladeira por 23 dias dias. De volta ao Brasil no próximo dia 21 de dezembro, Fernando Henrique terá tempo para tentar contornar tais dificuldades.
A proposta de adiamento interessa também aos parlamentares. Eles temiam enfrentar críticas. Se a convocação fosse feita no dia 18, como previsto inicialmente, trabalhariam apenas mais quatro dias em dezembro. No dia 21, seriam liberados para as festas de fim de ano. Só voltariam no dia 8 de janeiro. Daí a idéia de transferir a convocação para essa data.
Antes do entendimento com o Planalto, as lideranças governistas na Câmara se reuniram para discutir como dar o troco ao governo pelo desgaste político que dizem estar sofrendo pelos casos Sivam e pasta cor-de-rosa.
Luís Eduardo e os líderes do PMDB, Michel Temer (SP), e do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), acertaram que projetos de interesse do Planalto seriam protelados, enquanto outros que não interessam a FHC seriam colocados em votação. A emenda constitucional da Previdência Social pode ter sua tramitação retardada.
Terminada a reunião no gabinete do presidente da Câmara, Inocêncio esquivou-se da imprensa. "O Temer está autorizado a falar em nome do PFL", afirmou aos jornalistas. O líder do PMDB fez, então, a defesa dos aliados.
"O PFL é um partido aliado, que deve ser tratado como tal. Se pede explicações ao governo no caso da pasta cor-de-rosa, tem de receber essas explicações. O governo deve buscar a unidade da sua base, que não existe hoje", afirmou Temer.
No centro da crise está o deputado Luís Eduardo. Ele afirma que o seu nome foi incluído indevidamente na lista de parlamentares que teriam recebido doações do Banco Econômico em 90 e que estariam na pasta rosa encontrada pelo Banco Central na sede da instituição baiana.
Os ministros tucanos Sérgio Motta (Comunicações) e José Serra (Planejamento) tentaram acalmar o presidente da Câmara na terça-feira à noite, em jantar no restaurante Piantella. O encontro não teve nenhum resultado prático.
A cooptação de parlamentares pelo PSDB também está revoltando o PFL e o PMDB. Seus líderes afirmam que os tucanos fazem promessas de cargos e liberações de verbas para garantir adesões.
O PMDB ainda está insatisfeito com os desdobramentos do caso Sivam. O relator Gilberto Miranda (PMDB-AM) foi atacado pelo governo nas últimas semanas.

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