São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Militares recuam e acatam fim do contrato

RUI NOGUEIRA
COORDENADOR DE PRODUÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O depoimento do ministro da Aeronáutica, Lélio Lôbo, terça-feira passada, na supercomissão do Senado, acabou com as resistências dos militares às mudanças no contrato com a Raytheon.
No Ministério da Aeronáutica, já se estuda se a rescisão do contrato com a Raytheon implicará pagamento de alguma multa. A Aeronáutica espera a volta do presidente Fernando Henrique Cardoso para formalizar sua saída do imbróglio Sivam-Raytheon.
Ontem, o ministério começou a agir para refazer sua imagem desgastada e decidiu cobrar oficialmente explicações sobre o envolvimento da Raytheon com a Esca.
Assim que FHC voltar, o Alto Comando da Aeronáutica deve se reunir e decidir pela criação de uma comissão interventora na CCSivam (Comissão de Coordenação do Sistema de Vigilância da Amazônia) com poderes também para rediscutir todo o projeto.
Os militares admitem ainda estudar uma reformulação no projeto. Motivo: vem crescendo nas Forças Armadas a pressão para que cientistas e técnicos brasileiros tenham acesso ao projeto.
A falta de respostas de Lôbo para as perguntas sobre a quase promiscuidade Esca-Aeronáutica mudou o clima na supercomissão e convenceu os militares de que o assunto é uma questão política.
Avaliam que o puro e simples afastamento da Esca já não basta para responder a todas as suspeitas levantadas pelo relatório do TCU (Tribunal de Contas da União).
Há nas Forças Armadas a certeza de que a manutenção do contrato com a Raytheon traria uma desgaste para o governo, que FHC não está mais disposto a carregar.
A comissão interventora na CCSivam terá a função de dar uma satisfação à tropa das patentes mais baixas sobre as suspeitas que pesam contra a cúpula da Aeronáutica.
Em relação à supercomissão do Senado, a Aeronáutica tem o temor de que a insistência dos parlamentares em ouvir mais gente -como Ronaldo Sardenberg (SAE), Mauro Gandra (ex-ministro da Aeronáutica) e Francisco Graziano (ex-presidente do Incra)- dê ao caso Sivam um contorno mais explosivo.
Há o temor, por exemplo, de que o Senado queira saber se outros ministros e mais algum membro do Alto Comando frequentavam assiduamente a casa do empresário José Afonso Assumpção, dono da Líder Táxi Aéreo e representante da Raytheon no Brasil.

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