São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Terra de ninguém

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Terra de ninguém, em suma.
Ou melhor, uma terra em disputa entre dois exércitos do tráfico, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, grupos que a cada dia ganham terreno do Estado, propriamente.
Segundo a Globo, a rua em que se perderam os 11 santistas "marca a fronteira entre os dois grupos em guerra".
Foi a área em que, "para construir a Linha Vermelha, as empreiteiras tiveram que pedir permissão" ao tráfico.
A descrição dos santistas não poderia ser mais cristalina quanto à instalação de um ou mais Estados paralelos.
Quando chegaram, "logo na esquina tinha um rapaz com metralhadora na mão", que correu. Surgiram 40 homens "fortemente armados".
- Entrava numa rua era tiro, noutra rua era tiro.
- Parecia bangue-bangue.
Os torcedores fugiram então desordenadamente. Pediram ajuda a moradores.
- Falaram que não podiam dar ajuda porque tinham medo de represália.
Pediram que chamassem a polícia, então, mas disseram que não viria.
- A polícia, após a meia-noite, não entra.
Um dos veículos em fuga chegou à Linha Vermelha, para onde saltaram a pé.
- Na pista, ninguém parava.
O segundo carro foi cercado pelos traficantes e um santista se entregou.
- Eles me revistaram.
- Ajudaram a trocar o pneu.
- Deram água com açúcar.
- Fizeram um mapa.
O santista disse que se sentiu em segurança, afinal.

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