São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Porto Alegre terá motel para homossexuais

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Um motel dirigido a casais de homossexuais masculinos e femininos começa a funcionar na quarta-feira em Porto Alegre (RS).
Embora destinado preferencialmente a homossexuais, o novo estabelecimento, cujo nome é Divina, Meu Adorável Motel, atenderá também casais heterossexuais.
Situado na rua Zaida, no morro de Santa Tereza (zona sul), o motel terá cardápio de comida indiana -"afrodisíaca", segundo a proprietária Dailva Zurene Gomes- e um sex-shop.
Segundo a proprietária, a expectativa é de êxito. Para ela, muitos homossexuais sentem-se constrangidos e temem ser barrados em motéis convencionais.
A idéia do motel surgiu em maio, quando Gomes, proprietária dos motéis Maiorca e Florença, fez uma pesquisa entre seus clientes sobre a aceitação de um local dirigido a homossexuais. Satisfeita com as respostas, a empresária contratou a agência AD Propaganda Para Públicos e realizou uma pesquisa mais ampla, em outubro.
O resultado indicou que a inexistência de um motel era uma das principais carências dos homossexuais da cidade, disse ontem André Oliveira, da AD Propaganda.
O motel tem 22 apartamentos, em três categorias. Um objetivo na construção dos ambientes foi quebrar a "impessoalidade" da maioria dos motéis, disse Oliveira. "A idéia é fazer com que as pessoas se sintam em casa", disse.
Segundo ele, a arquitetura é "diferenciada" porque o público-alvo "é superexigente". A marca do motel estampa duas zebras, uma encostando a cabeça na outra. Uma campanha publicitária, em rádio, TV e out-door, será lançada na próxima semana.
Para Célio Golin, 32, coordenador do Nuances -Grupo pela Livre Orientação Sexual, uma organização não-governamental de Porto Alegre-, o novo motel tem um lado positivo e outro negativo.
"Do ponto de vista comercial é um espaço bem-vindo, que será usado por gays, lésbicas e travestis, que têm dificuldades de acesso aos motéis convencionais", disse. Por outro lado, afirmou Golin, o motel "reforça" a idéia de discriminação: Os homossexuais devem ter locais próprios e não frequentar os das pessoas "normais".

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