São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Bolsa desaba; juros e câmbio sobem

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa paulista caiu feito um tijolo. Desabou. Queda de 4,26% -a maior desde 13 de novembro. O volume negociado cresceu.
O dólar comercial (exportações e importações) subiu 0,08%, sendo vendido a R$ 0,9670. A moeda norte-americana também subiu no mercado futuro.
As taxas de juros no over (títulos públicos), no CDI (títulos privados) e no mercado futuro também subiram.
No over, o mercado está "furado" -o BC foi obrigado a vender dinheiro por 4,21%. Menos dinheiro significa juro (o preço do dinheiro) mais caro. Ontem, foram feitos negócios para hoje com juros de 4,20%.
É que o mercado vai ficar mais "furado" ainda. Ontem, o Tesouro vendeu cerca de R$ 3 bilhões em LTNs à taxa-over de 3,707%.
O Tesouro não vendeu os títulos cambiais. Foi, aparentemente, um problema de preço. Quem precisa de "hedge" (seguro) cambial vai ter que buscar no mercado -e a procura tem feito a taxa cair nas NTNs cambiais.
Bolsas desabando, juros e câmbio subindo, uma onda de boatos e, depois, de desmentidos. Esse filme já foi visto -fazia sucesso e parte da rotina faz dois anos.
A diretoria do BC estaria demissionária. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, seria demitido. Ouviu-se de tudo. Depois, vieram os desmentidos oficiais. A diretoria do BC não é demissionária e Malan fica.
O relevante, porém, é que, mesmo depois dos desmentidos, a Bolsa continuou caindo e juros e câmbio continuaram pressionados.
O centro de preocupação do mercado migrou da economia -embora não se tenha esquecido de que o TST concedeu um reajuste de 25% nos salários embora o banco, o BB, esteja com o balanço no vermelho- para a política, para a relação conflituosa entre governo e Congresso (leia-se PFL).
Sem Congresso não se faz ajuste fiscal algum. Logo, o plano viraria, em moto-perpétuo, o que é hoje: juro alto e abertura.
O economista inglês Keynes não se referia à política de juros do Brasil quando disse que, no longo prazo, estaremos todos mortos. Mas acertou.
Dito transitório, faz 19 meses que o juro brasileiro está na lua. O curto prazo do governo é... longo.

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