São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Revendas VW vão demitir 11 mil em 96

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A rede de revendedores Volkswagen deve demitir cerca de 11 mil funcionários até o final de 96. O corte representa uma redução de 20% no quadro de pessoal, que conta hoje com 55 mil empregados em 752 concessionárias.
A maior parte das dispensas deve ser feita ainda no primeiro semestre.
"Para sair do vermelho e voltar a ter lucro vamos ter de reduzir em 20% as nossas despesas administrativas e operacionais até o final do primeiro semestre de 96", diz Paulo Pires Simões, presidente da Assobrav (associação dos revendedores da Volks).
A rede vai encerrar 95 com um prejuízo de US$ 200 milhões. As vendas de carros bateram recorde (a marca vendeu 13,3% a mais do que em 94), mas as promoções, segundo Simões, anularam a margem do revendedor.
Para o ano que vem o objetivo é reverter a situação e obter um lucro entre 2% e 3% sobre o faturamento, que deve atingir US$ 9 bilhões.
"Com a queda da inflação, nosso negócio mudou muito. Ficou mais difícil ganhar dinheiro. Agora o lucro somente pode ser obtido na base da eficiência e da redução de custos", afirma Simões.
O enxugamento vai atingir todas as áreas da concessionária, de vendas à assistência técnica.
A redução de pessoal vai exigir, segundo Simões, treinamento para quem fica, melhores salários e investimento na informatização das empresas.
Financiamento Além de reduzir custos, a rede Volkswagen pretende aumentar as vendas para voltar a ter lucro.
Simões prevê um crescimento de 5% do mercado no ano que vem. A Volks, segundo ele, cresce mais (10%) e vai vender 600 mil carros.
O financiamento será o maior responsável pelo aumento de vendas. O presidente da Assobrav calcula que pelo menos 40% dos negócios serão feitos a longo prazo.
Os recursos serão trazidos do exterior pela montadora. Em 95, a Volkswagen captou fora do país US$ 750 milhões para financiar seus carros.
Simões estima que em 96 a Volkswagen trará mais US$ 1,5 bilhão. Esse valor se somará aos US$ 750 milhões já no país, que já estão sendo pagos por quem comprou carros em 95 e voltam ao sistema.
"O ano que vem será o ano do marketing financeiro. Vamos vender carros com entrada de até 10%", diz Simões.
Mas os descontos devem diminuir e ficar em 3%, na média. "Se a montadora quiser fazer promoções, a partir de agora vai ter de tirar da sua margem."

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