São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Tambor nasce com pinta de sucesso

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

É sempre interessante conhecer novos restaurantes que, além do empreendimento comercial, refletem a obra pessoal do cozinheiro e proprietário. O mais recente deles tem o estranho nome de Tambor.
Ali, quem cozinha é o jovem chef Carlos Siffert. Seu sócio Henry Schmulevich, 31, administrador de empresas que trabalhava na griffe de moda da família, toca a parte empresarial.
O Tambor nasceu há duas semanas, já com pinta de sucesso. A bonita ambientação, a jovialidade no serviço (embora ainda inexperiente), o traquejo do barman (o veterano Dionisio Gomes), as relações dos proprietários, contribuem para torná-lo agradável e animado.
Mas é nas panelas de Siffert que se encontra a maior atração. Mesmo com os tropeços dos primeiros dias, quando o movimento atropelou o chef, mais experimentado no trabalho em cozinha de bufês.
Ex-estudante de cinema, Carlos Siffert, 30 anos, decidiu tornar-se chef dez anos atrás. Estagiou no restaurante Laurent no Rio, fez aulas de Marta Kardoz em São Paulo, estudou hotelaria na Suíça por três anos (metade dos quais em restaurantes) e passou pela cozinha do Gramercy Park de Nova York.
No Brasil, seu principal desempenho foi, por três anos, como chef no bufê Ginger, de Nina Horta, conhecido pelo inventivo sincretismo de suas receitas. De lá ficaram traços no cardápio do Tambor, que correspondem ao interesse de Siffert por cozinhas variadas.
É verdade que o mostruário de pratos ainda é pequeno e precavido, sem grandes traços de ousadia; mas há uma interessante variedade e, passados os primeiros dias, maior consistência no acabamento.
Essas características aparecem no salmão "en cro–te", envolto em massa de torta (mantendo sua umidade) e complementado com um interessante molho de agrião com iogurte e ervas. O tortelli tem recheio de batata-doce temperada com presunto cru, coberta de manteiga e sálvia; a vitela assada é servida com nhoque mais leve, de semolina (no lugar da batata).
O barreado, prato do Paraná, é uma carne cozida lentamente até quase desfazer-se (o problema é quando erram no sal). Uma sobremesa árabe -o kneif (massa fina de semolina com recheio de nata)- ladeia a torta morna de chocolate amargo, de recheio fundido.

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