São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Filme foi feito sem pretensões, diz diretor

DANIELA ROCHA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

O diretor de "Seven - Os Sete Crimes Capitais, David Fincher, 33, não tinha pretensões quando assumiu o projeto. "Nunca esperei que as salas americanas fossem lotar por 15 semanas. Pensei em fazer um pequeno filme de baixo orçamento, tipo alternativo".
Distante do glamour dos jovens cineastas americanos, Fincher, que dirigiu "Alien 3", diz que gosta mesmo é de elaborar roteiros.
"Dirigir um filme é horrível. Filmar é sempre estressante e tenso. Gosto de pensar em roteiros e editar o filme. Na direção você trabalha demais e está nervoso o tempo todo. O que você faz é diferente do que gostaria de fazer. Por isso é necessário tornar o filme inteligente na edição", disse em entrevista por telefone à Folha.
"Seven" levou dois meses e meio intensos de gravação feita em Los Angeles -"Nova York é muito cara para isso". Mas a cidade mostrada em "Seven", um lugar chuvoso e violento, não tem identificação no filme. "É um lugar urbano e caótico que existe em qualquer parte do mundo".
A trama tem uma sucessão de referências, além da bíblica. As pistas para os detetives estão em clássicos de São Tomás de Aquino e na "Divina Comédia", de Dante Alighieri. Morgan Freeman interpreta um detetive "mental", um Tintin ou um Sherlock, em referência aos quadrinhos e ao policial.
A linguagem do videoclipe aparece de forma bastante discreta, apesar de Fincher ter em seu currículo três clipes de Madonna e um dos Rolling Stones.
O roteiro, assinado por Andrew Kevin Walker, era extremamente denso, na opinião de Fincher. "Apesar de ter referências bíblicas, é uma história que tem muito mais a ver com fanatismo e a manipulação da verdade do que com religiosidade", afirma.
"Seven" diferencia-se de um filme de detetives convencional de Hollywood por manter a atmosfera densa, o conflito iminente, a introspecção, favorecidos pela fotografia de Darius Khondji ("Ladrão de Sonhos"). "A fórmula mais usada para esse tipo de filme é a do embate entre policiais e bandidos. É inevitável que a investigação torne-se física em determinado ponto da trama".
O interesse de Fincher pelo roteiro de "Seven" veio daí: "Achei interessante ter pelo menos um detetive que não estava nesse embate, mas sim procurando conexões para os crimes."
Na segunda metade do filme, o psicopata assassino John Doe, interpretado por Kevin Spacey, divide o foco com Brad Pitt, em um embate psicológico entre os dois.
Um dos temores de Fincher é ter "Seven" comparado a "Silêncio dos Inocentes", apesar de a trilha sonora de ambos os filmes ser assinada por Howard Shore (leia texto abaixo).
"Neste filme há foco da violência das cidades grandes. Não há uma pessoa que viva nelas que não pense nisso", diz Fincher.

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