São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Cai a adesão à greve na França

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A taxa de adesão à greve do funcionalismo francês foi ontem a mais baixa desde que o movimento começou, há três semanas.
Os ferroviários de cerca de 5% das 345 garagens de trens decidiram voltar ao trabalho. Desde o começo da greve, a adesão da categoria era total. Os funcionários da estatal dos trens iniciaram e lideram até hoje o movimento.
Na administração direta, 5% é a porcentagem de funcionários que ainda estão em greve por tempo ilimitado. Nos últimos dois dias, a adesão variava entre 20% e 30%.
O número de grevistas também diminuiu nas estatais de telefonia, eletricidade e correios.
Os metroviários de Paris tentaram ontem colocar 3 das 13 linhas da cidade em funcionamento, mas bloqueios de trilhos por grevistas e cortes de energia tornaram o serviço irregular.
Se a divisão nos sindicatos continua a se acentuar, ainda não há previsão para o fim da greve.
Estão ainda parados o serviço de transportes urbanos e de limpeza pública de todas as maiores cidades do país.
Médicos do setor privado fazem manifestação no domingo. Controladores de vôo marcaram nova paralisação para hoje.
A maioria dos habitantes da Grande Paris (53%) apóia os grevistas, segundo pesquisa que está sendo publicada no jornal "Le Figaro" de hoje.
A manifestação nacional convocada para o sábado continua de pé. As duas centrais que convocaram os protestos, a CGT e a FO, fizeram ontem novas exigências ao governo, ainda que em tom mais cordial. "Quero ter um Natal tranquilo", disse ontem Marc Blondel, líder da FO.
As centrais querem que o premiê Alain Juppé adiante a "reunião de cúpula social" que ele marcou para o dia 21. Elas exigiram também que temas como salários e o futuro do serviço público sejam discutidos na cúpula.
Juppé tinha oferecido uma discussão sobre empregos e proteção social em geral. O premiê já desistiu de quase todas as reformas -alteração nas aposentadorias, abertura do mercado, reestruturação das estatais e mudanças em isenções de impostos.
A central sindical dos empresários, por sua vez, quer adiar a cúpula proposta por Juppé para "evitar a pressão das ruas".
A líder de uma das três grandes centrais sindicais, Nicole Notat, da CFDT, pediu na TV a volta ao trabalho. Notat dá apoio crítico ao plano Juppé, que ela mesma ajudou a desenhar. A maioria dos ministros só conheceu as medidas no dia em que foram anunciadas.

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