São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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PFL quer ministério para reparar dano da pasta rosa

LUCIO VAZ; GUILHERME EVELIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As lideranças do PFL esperam que o presidente Fernando Henrique Cardoso promova uma mini-reforma ministerial o mais rápido possível como forma de fortalecer a posição do partido no governo. O PSDB, porém, vai tentar impedir mudanças nos ministérios.
A entrega de ministérios fortes ao PFL seria uma forma de compensar o partido pelos estragos causados pelo vazamento das informações da pasta cor-de-rosa e pela cooptação de parlamentares pefelistas pelos tucanos.
Além de não ter poder para influenciar nos assuntos econômicos (está tudo na mão dos tucanos), a cúpula do PFL argumenta que os ministérios do partido não têm poder político.
A Previdência Social, chefiada pelo Reinhold Stephanes, só rende desgastes. Já os ministérios das Minas e Energia, comandado por Raimundo Brito, e de Recursos Hídricos, dirigido por Gustavo Krause, não têm recursos.
Os líderes esperam que, depois da volta do presidente Fernando Henrique da China, uma rodada de conversas e negociações tenha início para que as arestas na aliança PFL-PSDB, que dá sustentação ao governo, sejam aparadas.
Na próxima segunda-feira, Bornhausen e o presidente do PSDB, senador Artur da Távola (RJ), terão uma prévia dessas negociações. Os dois acertaram um encontro no Rio de Janeiro para discutir o futuro da aliança.
Maciel coordenador
O PFL deseja ter o vice-presidente, Marco Maciel, na função de coordenador político do governo. Os líderes do partido avaliam que a atuação de Maciel evitaria maiores desgastes do presidente.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, discutiu com Fernando Henrique a indicação de um coordenador político antes da viagem do presidente à China.
Fernando Henrique não deu uma resposta negativa nem positiva. "A coordenação política deverá ser criada quando, como e com quem o presidente quiser", disse Bornhausen.
Uma corrente do PSDB defende o nome do ex-presidente nacional do partido Pimenta da Veiga para o cargo de coordenador político. O maior obstáculo à nomeação parte do ministro Sérgio Motta, das Comunicações.
Motta
Motta é adversário de Pimenta da Veiga e deseja ter alguém da sua confiança na coordenação política do governo. Ele pensa em deixar o ministério, mas não quer assumir pessoalmente a coordenação do governo.
Se deixar o Ministério das Comunicações, Motta vai deixar alguém do seu grupo no seu atual cargo. Ele não admite a hipótese de entregar as Comunicações ao PFL. Além do poder político das "teles" (subsidiárias da Telebrás), o ministério contará com muitos recursos nos próximos três anos.
A crise na base governista esfriou ontem com o fim dos trabalhos legislativos deste ano. Os líderes dos partidos acertaram uma trégua com o governo até a retomada das atividades do Congresso, em 8 de janeiro.
A decisão de encurtar a convocação extraordinária do Congresso Nacional vai servir para serenar os ânimos, segundo a avaliação geral dos líderes governistas. "Foi uma decisão sábia. Todo mundo estava estressado", disse o líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE).

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