São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Primeiro objetivo foi produzir livros em braile

DA REPORTAGEM LOCAL

Dorina Nowill é uma pioneira nos serviços de ajuda a pessoas com deficiência visual.
Ela fundou a entidade que hoje leva seu nome em 11 de março de 1946. O objetivo era a produção de um objeto então raríssimo no país: livros em braile.
Batizada originalmente como Fundação para o Livro do Cego no Brasil, a entidade foi aos poucos ampliando suas atividades para outras áreas, como a fabricação de equipamentos e a educação de crianças e jovens cegos.
Em 91, um grupo de publicitários que colaborava com a fundação propôs a mudança do nome original, que, segundo eles, não traduzia mais todas as atividades da entidade, dificultando até a arrecadação de fundos. Concluíram que o melhor seria rebatizá-la com o nome de sua fundadora.
Vida normal
Dorina Nowil ficou cega aos 17 anos. "Estava vendo fotografias com amigas quando comecei a ver manchas vermelhas."
Depois da hemorragia, de origem desconhecida, vieram uma catarata e a cegueira total. Ela decidiu que não iria viver reclusa.
Em 1943, se matriculou no curso de formação de professores da Caetano de Campos. Foi a primeira aluna cega a frequentar uma escola comum em São Paulo. "Foi uma batalha até aceitarem minha matrícula", conta Dorina.
Sua atividade na produção de livros em braile e na educação de cegos a tornaram conhecida internacionalmente. Entre 79 e 84 presidiu a União Mundial de Cegos.
Dorina Nowill procura levar uma vida normal. Divide seu tempo entre o trabalho na fundação e as atividades de dona-de-casa. Tem cinco filhos e 11 netos.
Ela gosta de cozinhar, ler e viajar. Descreve com emoção os muitos países que conheceu. "Mesmo não vendo, eu sinto o lugar." Sobre a cegueira, ela diz ter aceito desde o início. "Percebi que tinha uma vida toda pela frente."

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