São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995 |
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Deputados da bola
JUCA KFOURI Responda rápido: qual é o verdadeiro deputado Marco Chedid: o que escreveu nesta Folha no último dia 8 que tinha acabado de abrir seu sigilo telefônico ou o que disse em entrevista à mesma Folha, no dia 12, que não via razões para abrir suas contas telefônicas?Responda ainda mais rápido: quem tem mais credibilidade: o deputado Eurico Miranda ou Pelé? Mais uma: por que o deputado Arnaldo Faria de Sá se ausentou para não haver quórum quando os membros da CPI do Bingo iriam votar a quebra do sigilo telefônico de Chedid? E finalmente: o que os três deputados têm em comum? Começando pelo fim: os três são cartolas de nosso futebol. O primeiro com passagens tenebrosas pela Ponte Preta e pelo Novorizontino. O segundo se elegeu usando o time reserva do Vasco em alegres caravanas pelo interior do Rio de Janeiro; o terceiro presidiu a Portuguesa sem deixar nenhuma saudade, ao contrário. Não é um trio de ferro, como o composto por Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Mas o trio é fogo. Ao trio se junta o deputado estadual Nabi Abi Chedid, pai do federal, vice-presidente da CBF. Ele preside a CPI do Bingo em São Paulo e completa o quinteto -sim, porque vale por dois. Alguns de seus assessores estão enfiados até o pescoço no achaque aos bingueiros. Arnaldo Faria de Sá não deu quórum por algo mais que simples espírito de corpo político/futebolístico. Mas se imagina esperto o suficiente para não aparecer como um dos que votaram contra a quebra do sigilo. Comparar Eurico Miranda -pela terceira vez, nenhum parentesco com Gilberto Miranda- a Pelé chega a ser uma ofensa. Como bem lembrou o jornal "O Globo" em editorial, ao atacar Pelé apresentando um documento que mostra que um sócio do ministro já tentou abrir um bingo, Miranda deu dois chutes: "um para fora, pois não havia delito algum na tentativa. No outro fez gol contra, pois acusações contra terceiros são um peculiar -e suspeito- argumento de defesa". Finalmente, a primeira pergunta tem resposta óbvia: não existe o verdadeiro deputado Marco Chedid. Só o mentiroso. E pensar que o saudoso Ulysses Guimarães também era um deputado que havia sido dirigente de clube, mais exatamente do Santos... O futebol merecia políticos melhores. A política merece melhores futebolistas. Texto Anterior: Notas Próximo Texto: Túlio promete título e gol "peixe na telha" amanhã Índice |
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