São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Senado pode ir à Justiça por papéis de Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A Comissão Parlamentar de Inquérito do caso Whitewater decidiu ontem por dez votos a oito pedir ao plenário do Senado dos EUA que vá à Justiça para obter do governo documentos que ele se recusa a entregar.
O plenário tem até quarta-feira para resolver o assunto. O Partido Republicano, de oposição, tem maioria de 54 a 46 no Senado.
A Casa Branca, sede do governo norte-americano, se recusou a cumprir o ultimato que lhe havia sido dado pela CPI para que entregasse anotações de encontro entre assessores do presidente Bill Clinton e seu advogado em 1993.
O prazo se esgotou ontem às 9h locais (12h em Brasília). Clinton diz que as anotações estão protegidas pelo sigilo da relação entre advogados e clientes. Segundo a oposição, o presidente tenta esconder evidências.
O caso Whitewater envolve denúncias de irregularidades em negócios financeiros do casal Bill e Hillary Clinton, nos anos 80.
A CPI do Senado se concentra em descobrir se Clinton e Hillary, já na Casa Branca, usaram o poder do governo para influenciar as investigações do caso Whitewater ou esconderam do Congresso informações sobre ele.
As anotações que provocaram o embate foram tomadas em 5 de novembro de 1993 pelo advogado William Kennedy 3º, na época consultor legal da Casa Branca, em reunião com assessores do presidente e da primeira-dama.
Kennedy foi um dos auxiliares dos Clintons que deixaram o governo devido ao caso Whitewater. Ele havia sido sócio de Hillary Clinton numa empresa de advocacia em Arkansas.
O caso Whitewater é investigado por um promotor independente desde janeiro de 1994. Nenhuma acusação formal foi feita até agora contra o presidente ou sua mulher, mas 14 pessoas foram indiciadas.
Entre elas, amigos íntimos do casal Clinton e algumas autoridades do governo, como o ex-secretário-assistente da Justiça Webster Hubbell, que está cumprindo pena de 21 meses de cadeia.
O presidente da CPI do Senado, Alfonse D'Amato, disse ontem que Hillary Clinton "sabe tudo" a respeito de procedimentos desse tipo. Ela foi uma das advogadas da CPI do caso Watergate, que derrubou Richard Nixon em 1974.
Nixon invocou privilégios presidenciais para recusar intimação do Congresso que exigia dele transcrições de fitas de conversas entre ele e seus assessores.
Em 1974, o Congresso resolveu recorrer à Justiça, como D'Amato quer fazer agora. A Suprema Corte resolveu obrigar Nixon a entregar as fitas. Nixon renunciou antes de seu impeachment ser votado.

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