São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Reformas detonaram greve sem unificação

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

O movimento grevista na França jamais foi unificado nem obedeceu a uma palavra de ordem definida pelas grandes centrais sindicais que tentaram conduzi-lo. Por isso, deve acabar aos poucos e sem estrondo, como começou.
A paralisação começou com os ferroviários, que protestavam contra duas medidas específicas do plano de reformas sociais e econômicas do premiê Alain Juppé.
Os ferroviários podem se aposentar com idades entre 50 e 55 anos. Sua caixa de aposentadoria está falida. Para cada trabalhador que contribui para o fundo, há três aposentados. A diferença é paga pelo Tesouro. Juppé queria mudar o tempo de aposentadoria.
A estatal das ferrovias tem uma dívida de US$ 35 bilhões. Juppé queria cortar linhas deficitárias e demitir pessoal para equilibrar as contas. Os ferroviários conseguiram que o governo recuasse.
Mas, quando a greve começou, as centrais sindicais dirigiram os protestos também contra o plano de reforma da Previdência Social, que aumenta taxas e congela alguns benefícios.
O movimento, deste modo, ganhou a adesão de setores da administração pública direta. A inabilidade dos ministros de Juppé contribuiu para levar à greve outras estatais. Na semana em que as greves começavam, membros do governo propunham privatizações.
Assim, eletricitários e funcionários da estatal de telecomunicações aderiram ao movimento para protestar contra a abertura do mercado. Nos últimos dias, Juppé disse que vai rediscutir a questão.
Atendendo a reivindicações específicas, como fez também com os estudantes, o governo dividiu e enfraqueceu o movimento.
(VTF)

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