São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Ferroviários iniciam volta ao trabalho na França

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A greve que paralisa a França há 23 dias começou a acabar ontem. Os grevistas não devem receber pelos dias parados.
A maioria dos ferroviários ligados aos dois maiores sindicatos da estatal dos trens decidiu voltar ao trabalho a partir de segunda-feira ou terça-feira.
Os ferroviários iniciaram e lideraram o movimento de protestos contra as reformas sociais e econômicas do premiê Alain Juppé.
Os metroviários de Paris também começaram a voltar ao trabalho, mas ainda não houve decisão majoritária sobre o fim da greve.
Seis das 13 linhas de metrô da cidade funcionaram ontem, contra três na quinta-feira. O tráfego ainda está reduzido em 50%, em média, nas linhas reabertas.
O Sindicato dos Metroviários acusa a direção do Metrô de pôr as linhas em funcionamento com uma quantidade insuficiente de pessoal, "colocando em risco a segurança dos usuários".
Segundo metroviários, a greve da categoria tem adesão de 90%.
As duas maiores centrais sindicais, a CGT e a FO, mantiveram a convocação de uma manifestação nacional unificada de protesto para hoje. A CGT diz que "a mobilização continua por outros meios, apesar do fim de greves setoriais".
Segundo o líder da FO, Marc Blondel, a manifestação de sábado vai indicar a maneira pela qual o movimento de protestos vai continuar. "Vamos ver qual vai ser a adesão dos trabalhadores do setor privado e aí então os funcionários do setor público podem analisar a participação que podem ter num movimento mais amplo", disse.
O governo não forneceu a taxa de adesão total do funcionalismo à greve ontem, mas ela recuou em todos os setores. Nos Correios, 2% dos trabalhadores pararam.
Na estatal de telecomunicações, a greve passou de 4% na quinta para 3% ontem. Na administração direta, caiu de 5% para 4%.
CGT e FO dizem que o movimento dos ferroviários foi "amplamente vitorioso". De fato, Juppé desistiu de dois dos seus planos que mais afetavam a categoria: a mudança nas aposentadorias e a reestruturação da estatal das ferrovias (que causaria demissões).
O presidente da estatal, Jean Bergougnoux, pediu demissão ontem. Bergougnoux estava em atrito com Juppé desde o anúncio do plano de reformas, das quais só foi informado pela imprensa.
Apesar do provável fim do movimento, Juppé voltou a ser criticado pelos líderes da maioria do governo e não há garantias de que fique no cargo a partir de 1996.

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