São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Fora com o Sivam

Aparentemente prepara-se nos meandros do governo um acordo para pôr um fim à novela do Sivam. O acordo com a empresa Raytheon seria cancelado, uma nova licitação, realizada, e o projeto continuaria mais ou menos dentro dos moldes atuais. As investigações, obviamente, seriam suspensas.
Romper com a Raytheon é um imperativo. Não bastassem todas as dúvidas que pairam sobre como essa empresa conseguiu o contrato, especialistas da SBPC dizem que ela, reconhecidamente ligada à CIA, teria acesso a todas as informações geradas pelo sistema. Ora, foi justamente sob o argumento da segurança e soberania nacionais que se decidiu por não abrir licitação para o projeto.
Embora o cancelamento do contrato seja positivo, restam ainda dúvidas sobre a concepção do programa que, pelo suposto acordo, ficaria praticamente inalterada. O Brasil precisa de fato de um sistema de proteção à Amazônia de mais de US$ 1,4 bilhão? As carências sociais na região, bem como no restante do país, não são prioritárias?
Ainda que se decida que o monitoramento da Amazônia é um dos projetos mais urgentes para o país, ele precisa ser do tamanho do Sivam? Um simples Dacta, como os que operam nas demais regiões nacionais, que tem um custo de poucas centenas de milhões de dólares, não seria suficiente?
Quanto às investigações, embora se reconheça que não interessa politicamente ao governo investigar a fundo o caso, é importante ressaltar que qualquer apuração sobre qualquer pessoa que resulte na melhoria do comportamento ético de políticos e servidores públicos civis e militares interessa ao país.

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