São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 1995
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Doação; Divisão de perdas; Ampliação de direitos; Machismo; Solidariedade; Vergonha na cara; Centro Tecnológico

Doação
"Com referência à nota intitulada 'Agilidade espantosa', publicada no 'Painel' da edição de 13/12 deste prestigioso jornal, desejo esclarecer que é infundada a insinuação de que o Itamaraty não teria procedido com agilidade quanto à intenção do governo japonês de doar equipamentos à TV Cultura. Sobre o assunto, cabe notar que: a) o Acordo sobre Doação Cultural Japonesa, que rege a matéria, foi assinado em 30 de maio deste ano, por ocasião da visita do ministro Luiz Felipe Lampreia a Tóquio; b) encaminhado ao Congresso, o acordo foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 12 de setembro e pelo Senado Federal em 19 de outubro. O decreto legislativo que promulga o acordo foi publicado no Diário Oficial em 23 de outubro; c) promulgado o acordo, o Itamaraty desenvolveu gestões internas e contatos com a TV Cultura para as providências necessárias à sua implementação; d) em 21 de novembro passado, o Itamaraty dirigiu carta à TV Cultura designando-a instituição instrumentadora do referido acordo, com as atribuições estipuladas no referido ato internacional; e) a TV Cultura toma, no momento, as decisões e as medidas necessárias para a finalização do processo de aquisição, junto à empresa Sony, de equipamentos destinados à produção de programas culturais. À vista dos fatos acima referidos e no interesse da tradição de bem-informar deste jornal, muito agradeceria a retificação da informação veiculada pela Folha na edição de 13/12."
Maria Luiza Ribeiro Viotti, secretária interina de imprensa do Ministério das Relações Exteriores (Brasília, DF)

Resposta do jornalista José Roberto de Toledo - O próprio cronograma do Itamaraty mostra que o ministério demorou cerca de três meses para encaminhar o acordo ao Congresso. Hoje faz 53 dias que ele foi publicado no Diário Oficial e ainda não foi implementado.

Divisão de perdas
"Considero indecente a proposta dos bancos para pagar menos Imposto de Renda porque seus empréstimos não estão sendo pagos. Cada empréstimo deve ter garantias e avalistas. Se não procederam corretamente, devem quebrar, segundo as leis da política liberal. Não dividiram com os contribuintes os enormes lucros que tiveram no tempo da inflação. Agora não nos cabe arcar com seus prejuízos que, em última análise, são fruto de sua incompetência."
Francisco J. Salles Lara (São Paulo, SP)

Ampliação de direitos
"Juntamente com minhas companheiras deputadas federais, trabalhamos arduamente pelo arquivamento da PEC-25, que impediria o aborto nas duas únicas instâncias legais no país. Entretanto, não sou 'defensora da legalização plena do aborto' porque, dentre outros fatores, implicaria no risco de torná-lo um método contraceptivo. Sou, sim, a favor da ampliação dos atuais direitos. Esperamos discutir essas possibilidades no próximo ano em virtude de existirem seis projetos diferentes em tramitação nessa área."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Machismo
"Mais uma vez a vítima é a culpada! Inacreditável o machismo da Folha (14/12) ao tentar 'explicar' o assassinato da jovem estudante da Poli Renata Alves entrevistando um suposto ex-namorado, levantando suspeitas sobre seu comportamento, buscando motivos que justificassem o crime. Será que já não é tempo de vocês fazerem um verdadeiro jornalismo investigativo e analisarem reportagens que a própria Folha publicou em 95 sobre homens que assassinam mulheres? Quem ama não mata!"
Eva Blay, professora titular da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Solidariedade
"Em nome do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio, quero cumprimentar a babá Sandra Cavalcanti Costa por sua coragem em dar queixa da agressão que teria sofrido de parte de sua patroa, a atriz Vera Fischer. E também cumprimentar as outras empregadas da atriz que foram solidárias com Sandra. Para nós, trabalhadoras domésticas que constantemente sofremos todo tipo de agressões e desrespeitos, seu gesto tem grande importância. É urgente pôr fim à injustiça de nossa sociedade, onde os ricos e famosos sempre encontram um jeito de se livrar das acusações, especialmente quando os acusadores são pobres. As palavras de Vera Fischer publicadas nos jornais do dia 13/12, referindo-se à sua ex-babá como uma 'coitadinha', constituem uma segunda agressão a toda a categoria de empregadas domésticas. No Brasil, os escravos costumavam ter seu corpo marcado por seus donos, mas é bom lembrar que, felizmente, a escravidão terminou neste país há mais de cem anos."
Maria de Lurdes Jesus, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Vergonha na cara
"Surpreendi-me com o editorial 'Proposta indecorosa' (30/11). Causou-me espanto o desconhecimento -verdadeiro ou circunstancial- de princípios elementares de direito administrativo. Há uma diferença fundamental entre o que são vencimentos e o que é remuneração. Os vencimentos do presidente da República são de R$ 8.500. A eles podem ser limitados os vencimentos do funcionalismo, igualando-se os iguais. Porém, a remuneração do presidente da República, o total dos seus ganhos, não é esse. Há os 'fringe benefits', os pagamentos 'in natura' etc. que o complementam. Quanto representam casas, luz, água, telefone, fax, telex, Correios, gás, móveis, utensílios domésticos, carros, motoristas, empregados domésticos, supermercado, feira, açougue, padaria etc. e, finalmente, lazer? Além das verbas secretas e do FSE. E tudo isso livre do leão do Imposto de Renda. Os R$ 8.500 são um mimo e um mínimo ofertados ao presidente. Não sou contra os ganhos do presidente, até pela representatividade do cargo. Sou contra a manipulação da informação, a sua apresentação distorcida. Sou contra o sr. Bresser Pereira tentar jogar a população contra o funcionalismo, nivelando este por baixo. Assim como sou contra a tentativa de limitar a remuneração (totalidade dos ganhos) dos servidores pelos vencimentos (ganhos parciais) do presidente. Numa extremada demonstração de farisaísmo, desviando a atenção do verdadeiro mal que assola este país: a corrupção. Este país só encontrará o seu caminho com o surgimento de um Pinochet ou de um Fidel Castro dos primeiros tempos, caboclo, com um extenso paredão à vista. Ou ainda com a adoção daquela Constituição proposta por Capistrano de Abreu, com um só artigo: 'Todo brasileiro deve ter vergonha na cara'."
Ruy Coelho de Barros (Cuiabá, MT)

Centro Tecnológico
"A Folha recebeu e agradece as mensagens de congratulações pela inauguração do Centro Tecnológico Gráfico-Folha de: Simon Widman, diretor da Espaço 2 Comunicações (São Paulo, SP); Luiz Lune, deputado estadual (São Paulo, SP); Antonio Pedretti, chefe de gabinete adjunto da Unicamp (Campinas, SP); Francisco Sergio Ferreira Jardim, delegado federal de Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária (São Paulo, SP); Mario Leme Galvão, assessor de comunicação social da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Brasília, DF); Murillo Antunes Alves, vereador pelo PMDB-SP (São Paulo, SP); Luiz Ernesto Kawall, jornalista (São Paulo, SP); Fernando H. Silva (Salvador, BA).

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