São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Líder do PSDB critica falta de colaboração de ministros

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal (SP), criticou ontem a "falta de percepção" dos ministros do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a importância da parceria entre o governo e o Congresso.
"Isso não ajuda o governo", diz Aníbal. Para ele, apenas o ministro Sérgio Motta, das Comunicações, tem "essa sensibilidade" de que o relacionamento entre governo e Congresso precisa atingir níveis melhores que o atual.
"Os outros ministros não têm essa percepção. A não ser que tenha uma coisa muito específica sendo votada (no Congresso) na área deles", afirma. Segundo o líder tucano, FHC tem se desdobrado para superar esse problema.
As críticas do deputado são em função da crise envolvendo o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
O pefelista cobra do governo um esclarecimento sobre a revelação de documentos que supostamente o apontariam como um dos beneficiários de recursos do Banco Econômico para sua campanha eleitoral em 1990. É o chamado caso da pasta cor-de-rosa.
"Luís Eduardo é o grande parceiro que temos no Parlamento", declarou. Segundo Aníbal, o presidente da Câmara é uma "figura fundamental" para a execução do programa de governo de FHC, em especial o plano de reformas. "Ele tem razão de estar indignado."
Tais declarações coincidem com a "operação-abafa" montada pelo governo para acabar com a crise gerada pela pasta rosa. O primeiro sinal foi dado sábado pelo ministro Pedro Malan (Fazenda).
Malan deu entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, defendendo Luís Eduardo e seu pai, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Os dois estavam ameaçando esfriar suas relações com o governo FHC.
Para Aníbal, é "preciso que haja mais interlocução, mais conversa" entre o governo e o Congresso. "Mas no governo, tirando o presidente e poucos ministros, boa parte da equipe não entende isso."
"Eles (os ministros) não conseguem ter, como o presidente, a percepção da importância dessa parceria", afirmou o líder. Para ele, essa situação acaba provocando crises como a atual.
Ao contrário de Aníbal e Malan, outros integrantes do governo têm optado pela cautela. É o caso do ministro Sérgio Motta. Sua assessoria informou que ele não quer se manifestar sobre a crise do PFL.

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