São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PFL monta operação para amenizar a crise

JOSIAS DE SOUZA; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL desencadeou ontem uma operação para evitar reações às críticas do presidente Fernando Henrique Cardoso antes de sua volta ao Brasil, o que aconteceria hoje pela madrugada.
O principal receio do partido era o de que o presidente da Câmara, Luís Eduardo (PFL-BA), fizesse novos ataques a FHC. Em resposta a críticas de Luís Eduardo, o presidente insinuou que o deputado foi criado pela "ditadura".
Luís Eduardo estava disposto a revidar. Chegou a telefonar para seu pai, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que se encontrava em Salvador (BA). ACM pediu para o filho que não respondesse a FHC. Queria fazê-lo ele próprio.
No fim da tarde, informado de todo o contexto da entrevista, Luís Eduardo mudou de idéia. Pesou na decisão o fato de FHC ter intercalado elogios entre as críticas.
Em novo telefonema ao pai, Luís Eduardo comunicou sua decisão de esperar pela volta de FHC. A expectativa é a de que FHC o chame para uma conversa ainda hoje. O presidente da Câmara pediu a ACM que evitasse abrir novas áreas de atrito com o Planalto.
Em Salvador, o senador Antônio Carlos Magalhães classificou ontem de "brincadeira" a atitude do seu filho Luís Eduardo, que dedicou trechos da música "Apesar de Você" ao presidente Fernando Henrique Cardoso. "Você vai pagar e é dobrado" era um dos versos dirigidos ao presidente.
ACM disse também que aguarda ser chamado por FHC para lhe apresentar o documento que provaria o entendimento entre a Raytheon, a Líder e a Esca, antes da assinatura do contrato do Sivam.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), disse que FHC "não tem sido feliz em suas declarações no exterior". Ontem, Inocêncio e o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal, defenderam Luís Eduardo e tentaram evitar a continuidade da crise entre o governo e o PFL.
"Ele (Luís Eduardo) manifestou uma indignação derivada da situação de constrangimento causada pela pasta rosa. Luís Eduardo é um grande parceiro no Parlamento e disse que vai continuar sendo. Isso é o importante ", disse o líder do PSDB na Câmara.
Inocêncio disse que o PFL apóia Luís Eduardo. "Foi um desabafo com muita razão. Gosto do presidente, mas de vez em quando ele não tem sido feliz em suas declarações no exterior".
Sobre os comentários do presidente, ele comentou: "Por que isso? O presidente chega amanhã (hoje) ao Brasil. Podia deixar isso sedimentar. Será que precisa de um matuto de Serra Talhada para acalmar essas coisas? Vamos baixar a bola", afirmou Inocêncio.
(Josias de Souza e Denise Madueño)

Colaborou a Agência Folha, em Salvador

Texto Anterior: FHC rebate Luís Eduardo e diz não ser cria da 'ditadura'
Próximo Texto: A hora da palavra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.